Desenvolvimento criança poliglota (3 idiomas) | Page 3 | De Mãe para Mãe

Desenvolvimento criança poliglota (3 idiomas)

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Ana Maria Costa1 -
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Desde 01 Fev 2019

Namid escreveu:
Carlabrito, tenho acompanhado o tópico, vou responder ao seu comentário de ter sido recomendado dar medicação ao Henrique devido á falta de concentração. Sinceramente, eu penso que o seu filho não precisa de terapia nenhuma, é uma criança exposta a três linguas, obviamente que a capacidade de se comunicar em espanhol, a lingua mais recente a que está exposto, não seja perfeita. Ter dificuldade em certas sílabas etc acho normal tendo em conta o contexto, aliás penso que estão a ter expectativas muito altas do desenvolvimento do Henrique, pense em todas as linguas que o seu filho foi exposto em cinco anos e a capacidade de se comunicar atual. Acha assim tão descabido o Henrique não dominar o espanhol ainda? Penso que expondo o Henrique ao espanhol naturalmente ao brincar com outras crianças etc é uma questão de tempo até melhorar as dificuldades dele. Provavelmente a terapia é só uma maneira de lhe sacar mais algum dinheiro. E pior ainda, o seu filho não parece interessado em participar nessa tutoria privada de espanhol. Se o seu filho tem atenção em outros contextos mas a terapeuta queixa - se da falta de atenção dele durante as sessões é porque não está interessado no que está a ser dito ou trabalhado. Eu sou adulta e se não estiver interessada no que estou a fazer ou ouvir também perco a atenção rapidamente. Faz parte da natureza humana e as crianças não são exceção. Portanto, na minha opinião, era cagar na terapia e na medicação e deixar o seu filho aprender o espanhol naturalmente.
E já agora, eu não sou contra terapia da fala mas neste caso acho que estão a pecar por excesso de zelo.

Completamente de acordo com esta mãe!

Lidya -
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Desde 18 Jul 2008

Ana Maria Costa1 escreveu:

Namid escreveu:Carlabrito, tenho acompanhado o tópico, vou responder ao seu comentário de ter sido recomendado dar medicação ao Henrique devido á falta de concentração. Sinceramente, eu penso que o seu filho não precisa de terapia nenhuma, é uma criança exposta a três linguas, obviamente que a capacidade de se comunicar em espanhol, a lingua mais recente a que está exposto, não seja perfeita. Ter dificuldade em certas sílabas etc acho normal tendo em conta o contexto, aliás penso que estão a ter expectativas muito altas do desenvolvimento do Henrique, pense em todas as linguas que o seu filho foi exposto em cinco anos e a capacidade de se comunicar atual. Acha assim tão descabido o Henrique não dominar o espanhol ainda? Penso que expondo o Henrique ao espanhol naturalmente ao brincar com outras crianças etc é uma questão de tempo até melhorar as dificuldades dele. Provavelmente a terapia é só uma maneira de lhe sacar mais algum dinheiro. E pior ainda, o seu filho não parece interessado em participar nessa tutoria privada de espanhol. Se o seu filho tem atenção em outros contextos mas a terapeuta queixa - se da falta de atenção dele durante as sessões é porque não está interessado no que está a ser dito ou trabalhado. Eu sou adulta e se não estiver interessada no que estou a fazer ou ouvir também perco a atenção rapidamente. Faz parte da natureza humana e as crianças não são exceção. Portanto, na minha opinião, era cagar na terapia e na medicação e deixar o seu filho aprender o espanhol naturalmente.
E já agora, eu não sou contra terapia da fala mas neste caso acho que estão a pecar por excesso de zelo.

Completamente de acordo com esta mãe!

Concordo plenamente com este comentário!.

Anotski85 -
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Desde 09 Jun 2020

Sansa escreveu:
Em relação a ter pais suficientemente informados para saber recusar a prescrição deste tipo de drogas até aos 17 anos, discordo. Novamente é um direito que a minha filha tem decidir se quer tomar um medicamento que a poderá fazer sentir-se melhor. Conheço 3 casos muito próximos de adolescentes (um deles jovem adulto) que foram diagnosticados depois dos 15 e todos afirmam que gostariam de ter iniciado a ser medicados muitos anos antes. E não é por vibrarem com a ideia de tomar anfetaminas, aliás o objetivo é mesmo o oposto, "vibrar" menos.
A maioria das pessoas com ADHD tem de suportar diariamente os efeitos secundários da medicação para poder usufruir dos seus benefícios.
Quero apoiar a minha filha e não lhe quero negar o direito a sentir-se "melhor" nem a quero forçar a tomar uma medicação com a qual ela poderá não se sentir bem.

Certo, o direito da tua filha, ou de qualquer criança e jovem, é de ter, primeiro, um diagnóstico adequado e um meio ambiente com expectativas também elas adequadas à idade da criança. Depois, sim, é ter um tratamento também ele adequado ao diagnóstico e, esse é o ponto, minimizado de riscos para a saúde da criança. A Ritalina é um medicamento da família das anfetaminas. É altamente aditivo. Os seus efeitos são semelhantes ao da cocaína. E é por isso que nos meios académicos prolifera como a droga predilecta, seja para permitir acompanhar um ambiente académico altamente competitivo, seja para fins recreativos. E , sim, um adolescente, cujas estruturas cognitivas são ainda extremamente propicias à assunção de riscos, tem muito maior probabilidade de ingerir um medicamento destes de forma abusiva, como aliás o problema de adição em Ritalin e Adderall nos EUA confirma (onde os diagnósticos de hiperatividade e défice de atenção, e correspondente prescrição dessas drogas, abundam).
.
Com isto não estou a dizer que a criança A ou B não tem um problema que deve ser acompanhado e eventualmente tratado (havendo alguma coisa para tratar). Estou a dizer que esta via, embora pareça a mais fácil no imediato, pode ser a mais danosa para a criança. E mais, que uma criança não pode saber tudo isto para tomar uma decisão informada, e que não basta tomar uma decisão com base no sentir-se melhor ou não. Não é só disso que trata aqui. Trata-se também de ter informação complexa para fazer uma análise prospectiva sobre o impacto da medicação na saúde da criança. E essa é uma competência de um ou mais adultos muito bem informados.

Sansa -
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Desde 18 Jan 2018

Anotski85 escreveu:

Sansa escreveu:Em relação a ter pais suficientemente informados para saber recusar a prescrição deste tipo de drogas até aos 17 anos, discordo. Novamente é um direito que a minha filha tem decidir se quer tomar um medicamento que a poderá fazer sentir-se melhor. Conheço 3 casos muito próximos de adolescentes (um deles jovem adulto) que foram diagnosticados depois dos 15 e todos afirmam que gostariam de ter iniciado a ser medicados muitos anos antes. E não é por vibrarem com a ideia de tomar anfetaminas, aliás o objetivo é mesmo o oposto, "vibrar" menos.
A maioria das pessoas com ADHD tem de suportar diariamente os efeitos secundários da medicação para poder usufruir dos seus benefícios.
Quero apoiar a minha filha e não lhe quero negar o direito a sentir-se "melhor" nem a quero forçar a tomar uma medicação com a qual ela poderá não se sentir bem.

Certo, o direito da tua filha, ou de qualquer criança e jovem, é de ter, primeiro, um diagnóstico adequado e um meio ambiente com expectativas também elas adequadas à idade da criança. Depois, sim, é ter um tratamento também ele adequado ao diagnóstico e, esse é o ponto, minimizado de riscos para a saúde da criança. A Ritalina é um medicamento da família das anfetaminas. É altamente aditivo. Os seus efeitos são semelhantes ao da cocaína. E é por isso que nos meios académicos prolifera como a droga predilecta, seja para permitir acompanhar um ambiente académico altamente competitivo, seja para fins recreativos. E , sim, um adolescente, cujas estruturas cognitivas são ainda extremamente propicias à assunção de riscos, tem muito maior probabilidade de ingerir um medicamento destes de forma abusiva, como aliás o problema de adição em Ritalin e Adderall nos EUA confirma (onde os diagnósticos de hiperatividade e défice de atenção, e correspondente prescrição dessas drogas, abundam).
.
Com isto não estou a dizer que a criança A ou B não tem um problema que deve ser acompanhado e eventualmente tratado (havendo alguma coisa para tratar). Estou a dizer que esta via, embora pareça a mais fácil no imediato, pode ser a mais danosa para a criança. E mais, que uma criança não pode saber tudo isto para tomar uma decisão informada, e que não basta tomar uma decisão com base no sentir-se melhor ou não. Não é só disso que trata aqui. Trata-se também de ter informação complexa para fazer uma análise prospectiva sobre o impacto da medicação na saúde da criança. E essa é uma competência de um ou mais adultos muito bem informados.


Anotski, com todo o respeito, não admito esse tipo de acusações. Não sou nenhuma drogada, nem fui diagnosticada às 3 pancadas. Sofri uma vida inteira de uma condição que me dificultou imenso o meu percurso académico e profissional , quando poderia ter tido algum alívio dos sintomas que tornam o meu dia a dia uma batalha. O efeito da medicação em indivíduos com ADHD é totalmente diferente do efeito sentir por indivíduos neurotípicos. Lá porque não entendes o que é ter um cérebro que não pára, que consome a energia toda e nos deixa exaustos, não te dá o direito de vires com exemplos oriundos de um país que não devia servir de exemplo para este tipo de questões.
Não defendo que as crianças tomem Ritalina como quem toma paracetamol, mas existe uma coisa que se chama educar e informar, e é possível informar os jovens e crianças mais velhas sobre a toma consciente deste tipo de substâncias.
Não vou argumentar mais sobre algo é pessoal. Eu não estou a encorajar ninguém para seguir os meus passos, apenas partilhei a minha postura sobre a toma de Ritalina. Não estou sequer a colocar a minha filha em perigo, ou estou?

Sansa -
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Desde 18 Jan 2018

Sansa escreveu:

Anotski85 escreveu:

Sansa escreveu:Em relação a ter pais suficientemente informados para saber recusar a prescrição deste tipo de drogas até aos 17 anos, discordo. Novamente é um direito que a minha filha tem decidir se quer tomar um medicamento que a poderá fazer sentir-se melhor. Conheço 3 casos muito próximos de adolescentes (um deles jovem adulto) que foram diagnosticados depois dos 15 e todos afirmam que gostariam de ter iniciado a ser medicados muitos anos antes. E não é por vibrarem com a ideia de tomar anfetaminas, aliás o objetivo é mesmo o oposto, "vibrar" menos.
A maioria das pessoas com ADHD tem de suportar diariamente os efeitos secundários da medicação para poder usufruir dos seus benefícios.
Quero apoiar a minha filha e não lhe quero negar o direito a sentir-se "melhor" nem a quero forçar a tomar uma medicação com a qual ela poderá não se sentir bem.

Certo, o direito da tua filha, ou de qualquer criança e jovem, é de ter, primeiro, um diagnóstico adequado e um meio ambiente com expectativas também elas adequadas à idade da criança. Depois, sim, é ter um tratamento também ele adequado ao diagnóstico e, esse é o ponto, minimizado de riscos para a saúde da criança. A Ritalina é um medicamento da família das anfetaminas. É altamente aditivo. Os seus efeitos são semelhantes ao da cocaína. E é por isso que nos meios académicos prolifera como a droga predilecta, seja para permitir acompanhar um ambiente académico altamente competitivo, seja para fins recreativos. E , sim, um adolescente, cujas estruturas cognitivas são ainda extremamente propicias à assunção de riscos, tem muito maior probabilidade de ingerir um medicamento destes de forma abusiva, como aliás o problema de adição em Ritalin e Adderall nos EUA confirma (onde os diagnósticos de hiperatividade e défice de atenção, e correspondente prescrição dessas drogas, abundam).
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Com isto não estou a dizer que a criança A ou B não tem um problema que deve ser acompanhado e eventualmente tratado (havendo alguma coisa para tratar). Estou a dizer que esta via, embora pareça a mais fácil no imediato, pode ser a mais danosa para a criança. E mais, que uma criança não pode saber tudo isto para tomar uma decisão informada, e que não basta tomar uma decisão com base no sentir-se melhor ou não. Não é só disso que trata aqui. Trata-se também de ter informação complexa para fazer uma análise prospectiva sobre o impacto da medicação na saúde da criança. E essa é uma competência de um ou mais adultos muito bem informados.

Anotski, com todo o respeito, não admito esse tipo de acusações. Não sou nenhuma drogada, nem fui diagnosticada às 3 pancadas. Sofri uma vida inteira de uma condição que me dificultou imenso o meu percurso académico e profissional , quando poderia ter tido algum alívio dos sintomas que tornam o meu dia a dia uma batalha. O efeito da medicação em indivíduos com ADHD é totalmente diferente do efeito sentir por indivíduos neurotípicos. Lá porque não entendes o que é ter um cérebro que não pára, que consome a energia toda e nos deixa exaustos, não te dá o direito de vires com exemplos oriundos de um país que não devia servir de exemplo para este tipo de questões.
Não defendo que as crianças tomem Ritalina como quem toma paracetamol, mas existe uma coisa que se chama educar e informar, e é possível informar os jovens e crianças mais velhas sobre a toma consciente deste tipo de substâncias.
Não vou argumentar mais sobre algo é pessoal. Eu não estou a encorajar ninguém para seguir os meus passos, apenas partilhei a minha postura sobre a toma de Ritalina. Não estou sequer a colocar a minha filha em perigo, ou estou?


Podes não perceber o razão para a minha reação, mas o teu comentário aponta na direção de pill shaming. Imensas pessoas com THDA são alvo de críticas por tomarem este tipo de medicação. Como se tivéssemos culpa que aquilo que nos põe low é o que os outros procuram para ficarem high...

carlabrito -
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Desde 30 Maio 2017

Namid escreveu:
Carlabrito, tenho acompanhado o tópico, vou responder ao seu comentário de ter sido recomendado dar medicação ao Henrique devido á falta de concentração. Sinceramente, eu penso que o seu filho não precisa de terapia nenhuma, é uma criança exposta a três linguas, obviamente que a capacidade de se comunicar em espanhol, a lingua mais recente a que está exposto, não seja perfeita. Ter dificuldade em certas sílabas etc acho normal tendo em conta o contexto, aliás penso que estão a ter expectativas muito altas do desenvolvimento do Henrique, pense em todas as linguas que o seu filho foi exposto em cinco anos e a capacidade de se comunicar atual. Acha assim tão descabido o Henrique não dominar o espanhol ainda? Penso que expondo o Henrique ao espanhol naturalmente ao brincar com outras crianças etc é uma questão de tempo até melhorar as dificuldades dele. Provavelmente a terapia é só uma maneira de lhe sacar mais algum dinheiro. E pior ainda, o seu filho não parece interessado em participar nessa tutoria privada de espanhol. Se o seu filho tem atenção em outros contextos mas a terapeuta queixa - se da falta de atenção dele durante as sessões é porque não está interessado no que está a ser dito ou trabalhado. Eu sou adulta e se não estiver interessada no que estou a fazer ou ouvir também perco a atenção rapidamente. Faz parte da natureza humana e as crianças não são exceção. Portanto, na minha opinião, era cagar na terapia e na medicação e deixar o seu filho aprender o espanhol naturalmente.
E já agora, eu não sou contra terapia da fala mas neste caso acho que estão a pecar por excesso de zelo.

Olá Namid.
Eu concordo consigo plenamente.
Desde o início, se for ler os posts iniciais, eu sempre disse algo do género: eu prefiro agora fazer isto, e depois nao ser nada, do que chegar daqui a um ano ao iniício da primária e ter deixado passar alguma coisa que podia ter sido detetada ou eventualmente tratada.
Temos perfeita noção de que a única dificuldade do Henrique é expressar-se e compreensao de algum vocabulario. Em Espanhol.
No entanto, fizemos o percurso normal: pediatra -> neurologia -> terapia da fala.
Quando me pergunta "Acha assim tão descabido o Henrique não dominar o espanhol ainda? ", acha o quê?
Acha que eu espero que o meu filho fale algum dos 3 idiomas bem?
Vá ler os meus copmentários anteriores.
Chegámos há 1.5 ano e nem eu ainda falo perfeitamente, quanto mais uma criança de 4-5 anos.
Nao podemos ler apenas os ultimos comentarios e falar apenas desses.
Quando diz "E pior ainda, o seu filho não parece interessado em participar nessa tutoria privada de espanhol", nao é propriamente verdade.
Cada vez que ele vem de lá, eu pergunto se gostou, o que falaram/fizeram. Normalmente no dia anterior relembro que vai no dia seguinte, também para tentar sacar algum possível desconforto, tentar apanhar algum sentimento que possa estar camuflado.
Mas garanto-lhe que sempre o Henrique mostrou entusiasmo em ir. E gosta de ir.
Agora.... eu também acho que nao contei tudo (já escrevo demasiado).
Eu compreendo esta falta de atenção que ela fala. E tem um motivo.
As sessoes sao às 2f.
Ora... o Henrique ja nao faz sesta (porque nao deixam na escola), e sai da escola já diariamente super cansado como seria de esperar. A somar a isto.... 2f é dia de atividade extra, onde faz patins em linha durante 1h. Estes dias sao dias em que vem extra cansado.
Ainda a somar a isto, a sessao é às 20h.
É perfeitamente natural que ele nao se concentre.
Em parelelo, cada dia que ele chega, eu avalio o estado em que ele chega a casa. E chega sempre contente e acima de tudo calmo e relaxado.
Ou seja, se eu visse um bocadinho que fosse que ele chegava irritado, irrequieto ou angustiado, eu mudava de imediato o horário das sessoes. No entanto já está a ser um enorme esforço de agendas entre mim e o pai para o levarmos lá.
O principal objetivo das sessoes de terapia, é, ou deveria ser para a terapeuta também, pura e simplesmente ajudá-lo a progredir no espanhol.
Daí eu referir muitas vezes que as sessoes sao - ou deviam ser - umas "explicaçoes de Espanhol".
O que acontece é que por algum motivo que eu ainda nao sei, mas hei-de saber, a terapeuta saiu-se de repente com esta pérola da medicaçao.
Que nao faz sentido NENHUM no contexto e na situaçao do Henrique. Mas isso está completamente esclarecido.
Depois de me ter dado uma avaliacao na semana passada em que falava em progresso e "tratamento" de continuar as sessoes.
E entao isto está a tomar dimensoes inimagináveis.
(continuo no proximo comentário)

carlabrito -
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Desde 30 Maio 2017

Eu e o pai já tinhamos decidido há algum tempo que dentro de duas semanas íamos acabar com estas sessoes.
O motivo era simplesmente porque era muito tarde e nao o queriamos estar a sujeitar mais a isto, porque apesar do que já referi, é cansativo para ele.
E tambem esta a ser cansativo para nós. E como vamos passar 2.5 meses em Portugal agora para o verao, faziamos uma pausa, e em setembro então recomeçaria já na escola, em que as sessoes sao durante a manhã.
Isto pode parecer uma loucura, mas tudo é planeado diariamente ao mais pequeno detalhe.
Como já pagámos mais duas semanas, ele vai para nao perdermos o dinheiro, porque mal nao lhe vai fazer, sempre aprende mais alguma coisa e, acima de tudo, porque ELE GOSTA.
Em paralelo, vou falar com a médica e armar uma mentira para ver até onde isto vai, para eventualmente denunciar o caso. Vou lhe dizer que voltamos em Setembro quando voltarmos a Espanha, mas nao, nao vamos voltar.
Quanto à continuidade das sessoes em Setembro, sim, concordo com a Namid, que eventualmente iremos parar.
E isto tem um motivo.
Há cerca de duas semanas ele mudou muito. É como se lhe tivesse dado o tal clique.
Passou a falar, falar, falar, agora já nos contesta. Nota-se um aumento brutal no vocabulario e na compreensao.
Nós nao o podemos avaliar em espanhol porque nao falamos com ele e nem ele fala connosco, mas por acaso ontem tinhamos uma tutoria com a professora de espanhol e tanto ela como a professora de inglês afirmam que o vêm muito melhor a todos os níveis.
A nível de concentraçao, a nivel de compreensao, quando começa uma tarefa só pára quando termina essa tarefa. Executa as tarefas com muito mais cuidado, etc.
Disse que ele superou todos os objetivos mínimos e está ao nível dos amigos.
Portanto agora se calhar, podemos voltar a reprogramar isto tudo.
(continua no proximo comentário)

marlene1987 -
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Desde 13 Out 2019

Sansa escreveu:

Sansa escreveu:

Anotski85 escreveu:

Sansa escreveu:Em relação a ter pais suficientemente informados para saber recusar a prescrição deste tipo de drogas até aos 17 anos, discordo. Novamente é um direito que a minha filha tem decidir se quer tomar um medicamento que a poderá fazer sentir-se melhor. Conheço 3 casos muito próximos de adolescentes (um deles jovem adulto) que foram diagnosticados depois dos 15 e todos afirmam que gostariam de ter iniciado a ser medicados muitos anos antes. E não é por vibrarem com a ideia de tomar anfetaminas, aliás o objetivo é mesmo o oposto, "vibrar" menos.
A maioria das pessoas com ADHD tem de suportar diariamente os efeitos secundários da medicação para poder usufruir dos seus benefícios.
Quero apoiar a minha filha e não lhe quero negar o direito a sentir-se "melhor" nem a quero forçar a tomar uma medicação com a qual ela poderá não se sentir bem.

Certo, o direito da tua filha, ou de qualquer criança e jovem, é de ter, primeiro, um diagnóstico adequado e um meio ambiente com expectativas também elas adequadas à idade da criança. Depois, sim, é ter um tratamento também ele adequado ao diagnóstico e, esse é o ponto, minimizado de riscos para a saúde da criança. A Ritalina é um medicamento da família das anfetaminas. É altamente aditivo. Os seus efeitos são semelhantes ao da cocaína. E é por isso que nos meios académicos prolifera como a droga predilecta, seja para permitir acompanhar um ambiente académico altamente competitivo, seja para fins recreativos. E , sim, um adolescente, cujas estruturas cognitivas são ainda extremamente propicias à assunção de riscos, tem muito maior probabilidade de ingerir um medicamento destes de forma abusiva, como aliás o problema de adição em Ritalin e Adderall nos EUA confirma (onde os diagnósticos de hiperatividade e défice de atenção, e correspondente prescrição dessas drogas, abundam).
.
Com isto não estou a dizer que a criança A ou B não tem um problema que deve ser acompanhado e eventualmente tratado (havendo alguma coisa para tratar). Estou a dizer que esta via, embora pareça a mais fácil no imediato, pode ser a mais danosa para a criança. E mais, que uma criança não pode saber tudo isto para tomar uma decisão informada, e que não basta tomar uma decisão com base no sentir-se melhor ou não. Não é só disso que trata aqui. Trata-se também de ter informação complexa para fazer uma análise prospectiva sobre o impacto da medicação na saúde da criança. E essa é uma competência de um ou mais adultos muito bem informados.

Anotski, com todo o respeito, não admito esse tipo de acusações. Não sou nenhuma drogada, nem fui diagnosticada às 3 pancadas. Sofri uma vida inteira de uma condição que me dificultou imenso o meu percurso académico e profissional , quando poderia ter tido algum alívio dos sintomas que tornam o meu dia a dia uma batalha. O efeito da medicação em indivíduos com ADHD é totalmente diferente do efeito sentir por indivíduos neurotípicos. Lá porque não entendes o que é ter um cérebro que não pára, que consome a energia toda e nos deixa exaustos, não te dá o direito de vires com exemplos oriundos de um país que não devia servir de exemplo para este tipo de questões.
Não defendo que as crianças tomem Ritalina como quem toma paracetamol, mas existe uma coisa que se chama educar e informar, e é possível informar os jovens e crianças mais velhas sobre a toma consciente deste tipo de substâncias.
Não vou argumentar mais sobre algo é pessoal. Eu não estou a encorajar ninguém para seguir os meus passos, apenas partilhei a minha postura sobre a toma de Ritalina. Não estou sequer a colocar a minha filha em perigo, ou estou?

Podes não perceber o razão para a minha reação, mas o teu comentário aponta na direção de pill shaming. Imensas pessoas com THDA são alvo de críticas por tomarem este tipo de medicação. Como se tivéssemos culpa que aquilo que nos põe low é o que os outros procuram para ficarem high...

Ninguém te está a criticar sansa. Sofres com essa condição é tens que tomar a retalina para te sentires melhor ponto. Agora não posso concordar e com o teu ponto de viste em que a tua filha e que decidirá se vai tomar ou não. Por muito que tu a orientes e a informes o cérebro dela não tem estrutura para compreender tudo porque ela ainda e muito pequena. Mesmo os adolescentes têm dificuldade fará uma criança. Vou te dar um exemplo aqui em Portugal em matemática os meninos non2 ano já estão a aprender médias interpretação de gráficos e afins mas são conceitos demasiado complexos e abstrato para crianças desta idade e muitas tem dificuldades ou até não compreendo de tudo. nos e que somos os pais nos e que temos que tomar as decisões. Não estamos a falar sobre uma criança querer ir de sandálias e estar frio ou querer ir com uma parte de cima as riscas e a parte de baixo com unicórnio mas sim sobre coisas importantes. A retalina tem efeitos adversos graves. Concordo plenamente que se tente outras ferramentas em antes. Mas se mais nada resultar não há volta a dar

Videl86 -
Offline
Desde 18 Jul 2014

Eu fico um bocado chocada com alguns comentários por aqui, principalmente a crítica toda à medicação.
Ok no caso do Henrique é totalmente despropositado, ele é muito pequeno, nem sequer anda na escola primária e não é uma terapeuta que o vai diagnosticar.
No entanto o debate que depois se gerou choca-me bastante. A medicação para o PHDA em Portugal é extremamente controlada. Não pode ser receitada à toa por qualquer médico, não é como algumas pessoas imaginam. Não é receitado para acalmar as crianças. Aliás, é uma medicação controlada mesmo quando a vamos levantar à farmácia, pedem-nos identificação e ficam com os nossos dados. Um diagnóstico em condições é feito por uma equipa multidisciplinar, pelo menos com crianças. E mesmo com adultos geralmente passa por vários profissionais. O efeito da medicação em pessoas com PHDA não é o mesmo efeito dessa medicação em pessoas sem PHDA. Dou um exemplo meio ridículo: eu sou asmática e tomo medicação para controlar. Tenho também uma bomba de sos. Quando eu era mais nova (pré-adolescente) tinha umas colegas que adoravam usar a minha bomba sos porque lhes dava uns sintomas parvos, tipo aceleração do coração e etc e pronto, era uma idade parva. Quando eu tomava a bomba por precisar, não sentia isso, apenas passava a respirar melhor novamente. Com a medicação de PHDA também é assim. Ajuda quando as pessoas de facto têm PHDA. Já agora, ritalina não é a única medicação disponível para esta condição.
Falo com bastante conhecimento porque a minha esposa tem PHDA e faz medicação, tem de fazer. Se não fizer a vida dela é infernal, ela não consegue concentrar-se o suficiente para trabalhar em condições. Começa várias coisas ao mesmo tempo e não termina nenhuma. As distrações são inúmeras e por vezes causam situações mais ou menos graves. E tudo isto porque o cérebro dela funciona mesmo de forma diferente e faz com que seja muito mais difícil fazer determinadas coisas que para mim, por exemplo, são tão fáceis que nem sequer penso duas vezes nisso. Para mim e para todas as pessoas sem PHDA.
Paralelamente, eu tenho praticamente a certeza que o meu filho tem PHDA. Ele tem absolutamente todos os sintomas que constam do DSM. E já falei sobre isto muitas vezes com pediatra, psicóloga, etc e neste momento não vemos relevância em medicar. Por acaso a título de curiosidade perguntei-lhe. Não entrei nesses detalhes todos, perguntei-lhe "se pudesses tomar um remédio que fizesse com que tu conseguisses estar mais atento ao professor, que fizesse com que fosse mais fácil para ti terminares as tarefas na sala de aula, etc tu querias?". E mesmo tendo "vermelhos" nas tarefas frequentemente, por vezes no comportamento também (não consegue estar parado), e os vermelhos sendo um problema na cabeça dele, ele respondeu-me que não, que não queria esse remédio porque o facto dele ser distraído não o incomoda, ele não se importa. Que incomoda outras pessoas, incomoda o professor, etc mas não a ele e que, por isso, ele que quereria o medicamento. Isto só reforçou a minha ideia de que para já é prematuro entrar por aí. E mesmo com todas as questões da distração, de não fazer as tarefas, de ser mais lento em tudo do que os outros meninos, felizmente não o afeta a nível de aprendizagem e conseguiu atingir todos os objetivos do 1º ano com sucesso. Mas tenho plena consciência que eventualmente o défice de atenção não lhe vai permitir continuar a ter sucesso escolar, seja no 2º ciclo, no 3º ou no secundário. Mas uma coisa de cada vez.
*
Já agora, como professora que tem vindo a lecionar AECS nos últimos 3 anos (este ano acabei por só lecionar dois meses pois não me estava compensar) não acho nada que as crianças estejam medicadas em excesso. São muito poucas as que estão medicadas no primeiro ciclo, quase nenhuma. Mesmo quando têm comportamentos muitos difíceis e possivelmente fruto do PHDA. Não vivemos nos EUA \/:)

Sobre Videl86

08 de dezembro de 2014 <3 49,5 cm e 2,920 de amor e doçura <3
13 de dezembro de 2017 <3 47 cm e 2,815 de fofurice e amor <3

carlabrito -
Offline
Desde 30 Maio 2017

Vou dar aqui um exemplo.
Antes de vir aqui a este post, li (e comentei) num post de outra mamã, que pedia opiniao sobre se deveria ir ou nao a um especialista por causa de um assunto. Se valia a pena ou nao. Se era perda de tempo.
E no caso do Henrique passou-se o mesmo.
Eu olho para o meu filho todos os dias e vejo o quão abaixo do nível dos miudos da idade dele, ele está.
Mas sinto que nao se passa nada com ele, sei que era de esperar e sei que é normal.
Mas também vi (e vejo ainda), a dificuldade que ele teve para chegar até aqui no ultimo ano e meio.
E a dificuldade que ainda tem DIARIAMENTE. Muito, muito menos agora.
É muito bonito e um orgulho enorme chegar a Junho de 2022 e ver o progresso dele.
Mas custou-lhe muitíssimo. A todos os níveis (social, psicológico, intelectual, etc).
E para que isto corra bem, nós pais, temos que dar um acompanhamento fortíssimo todos os santos dias. TODOS os santos dias. Desde que ele acorda até que se deita.
Imaginem o que é vocês irem para um país onde nao falam, nao compreendem e nao têm Google Translate?
Um exemplo.... o Henrique é mel, e ao início quando chegou aqui, uns miudos batiam-lhe cada vez que o viam e puxavam-lhe os cabelos. E ele nao responde à letra.
Imaginam o quão cerrada eu tinha que estar dele?
Como mãe, não é assim tão incompreensivel que eu busque algo que possa ajudá-lo.
Principalmente quando nao o prejudicam em nada, pelo contrario.
E sim, estas sessoes ajudaram muito. isso foi visivel.
Mas tambem tenho consciencia de que vou chegar ao fim desta linha e dizer: ok. Ajudou, mas talvez possamos ficar por aqui.
Por agora com esta estupidez da terapeuta, só iriamos era estar a estragar o futuro e a saúde de (mais) uma criança.
Eu nao me conformo com a leviandade com que se sugerem medicaçoes deste tipo.
Nao me conformo.

carlabrito -
Offline
Desde 30 Maio 2017

Videl86 escreveu:
Eu fico um bocado chocada com alguns comentários por aqui, principalmente a crítica toda à medicação.
Ok no caso do Henrique é totalmente despropositado, ele é muito pequeno, nem sequer anda na escola primária e não é uma terapeuta que o vai diagnosticar.
No entanto o debate que depois se gerou choca-me bastante. A medicação para o PHDA em Portugal é extremamente controlada. Não pode ser receitada à toa por qualquer médico, não é como algumas pessoas imaginam. Não é receitado para acalmar as crianças. Aliás, é uma medicação controlada mesmo quando a vamos levantar à farmácia, pedem-nos identificação e ficam com os nossos dados. Um diagnóstico em condições é feito por uma equipa multidisciplinar, pelo menos com crianças. E mesmo com adultos geralmente passa por vários profissionais. O efeito da medicação em pessoas com PHDA não é o mesmo efeito dessa medicação em pessoas sem PHDA. Dou um exemplo meio ridículo: eu sou asmática e tomo medicação para controlar. Tenho também uma bomba de sos. Quando eu era mais nova (pré-adolescente) tinha umas colegas que adoravam usar a minha bomba sos porque lhes dava uns sintomas parvos, tipo aceleração do coração e etc e pronto, era uma idade parva. Quando eu tomava a bomba por precisar, não sentia isso, apenas passava a respirar melhor novamente. Com a medicação de PHDA também é assim. Ajuda quando as pessoas de facto têm PHDA. Já agora, ritalina não é a única medicação disponível para esta condição.
Falo com bastante conhecimento porque a minha esposa tem PHDA e faz medicação, tem de fazer. Se não fizer a vida dela é infernal, ela não consegue concentrar-se o suficiente para trabalhar em condições. Começa várias coisas ao mesmo tempo e não termina nenhuma. As distrações são inúmeras e por vezes causam situações mais ou menos graves. E tudo isto porque o cérebro dela funciona mesmo de forma diferente e faz com que seja muito mais difícil fazer determinadas coisas que para mim, por exemplo, são tão fáceis que nem sequer penso duas vezes nisso. Para mim e para todas as pessoas sem PHDA.
Paralelamente, eu tenho praticamente a certeza que o meu filho tem PHDA. Ele tem absolutamente todos os sintomas que constam do DSM. E já falei sobre isto muitas vezes com pediatra, psicóloga, etc e neste momento não vemos relevância em medicar. Por acaso a título de curiosidade perguntei-lhe. Não entrei nesses detalhes todos, perguntei-lhe "se pudesses tomar um remédio que fizesse com que tu conseguisses estar mais atento ao professor, que fizesse com que fosse mais fácil para ti terminares as tarefas na sala de aula, etc tu querias?". E mesmo tendo "vermelhos" nas tarefas frequentemente, por vezes no comportamento também (não consegue estar parado), e os vermelhos sendo um problema na cabeça dele, ele respondeu-me que não, que não queria esse remédio porque o facto dele ser distraído não o incomoda, ele não se importa. Que incomoda outras pessoas, incomoda o professor, etc mas não a ele e que, por isso, ele que quereria o medicamento. Isto só reforçou a minha ideia de que para já é prematuro entrar por aí. E mesmo com todas as questões da distração, de não fazer as tarefas, de ser mais lento em tudo do que os outros meninos, felizmente não o afeta a nível de aprendizagem e conseguiu atingir todos os objetivos do 1º ano com sucesso. Mas tenho plena consciência que eventualmente o défice de atenção não lhe vai permitir continuar a ter sucesso escolar, seja no 2º ciclo, no 3º ou no secundário. Mas uma coisa de cada vez.
*
Já agora, como professora que tem vindo a lecionar AECS nos últimos 3 anos (este ano acabei por só lecionar dois meses pois não me estava compensar) não acho nada que as crianças estejam medicadas em excesso. São muito poucas as que estão medicadas no primeiro ciclo, quase nenhuma. Mesmo quando têm comportamentos muitos difíceis e possivelmente fruto do PHDA. Não vivemos nos EUA \/:)

A título de curiosidade, eu gostaria de saber como é que se deteta uma doença/patologia (desculpe, nao sei como se designa) destas?
Quão má tem que ser a falta de atencao, ou o prejuizio que resulta dela?
É que faltas de atencao todos tempos. Ou de concentraçao.
Atencao que nao estou a desvalorizar no caso da sua esposa.
Mas tenho curiosidade em saber.
É que me é muito dificil dimensionar. Nao consigo imaginar.

Videl86 -
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Desde 18 Jul 2014

carlabrito escreveu:

Videl86 escreveu:Eu fico um bocado chocada com alguns comentários por aqui, principalmente a crítica toda à medicação.
Ok no caso do Henrique é totalmente despropositado, ele é muito pequeno, nem sequer anda na escola primária e não é uma terapeuta que o vai diagnosticar.
No entanto o debate que depois se gerou choca-me bastante. A medicação para o PHDA em Portugal é extremamente controlada. Não pode ser receitada à toa por qualquer médico, não é como algumas pessoas imaginam. Não é receitado para acalmar as crianças. Aliás, é uma medicação controlada mesmo quando a vamos levantar à farmácia, pedem-nos identificação e ficam com os nossos dados. Um diagnóstico em condições é feito por uma equipa multidisciplinar, pelo menos com crianças. E mesmo com adultos geralmente passa por vários profissionais. O efeito da medicação em pessoas com PHDA não é o mesmo efeito dessa medicação em pessoas sem PHDA. Dou um exemplo meio ridículo: eu sou asmática e tomo medicação para controlar. Tenho também uma bomba de sos. Quando eu era mais nova (pré-adolescente) tinha umas colegas que adoravam usar a minha bomba sos porque lhes dava uns sintomas parvos, tipo aceleração do coração e etc e pronto, era uma idade parva. Quando eu tomava a bomba por precisar, não sentia isso, apenas passava a respirar melhor novamente. Com a medicação de PHDA também é assim. Ajuda quando as pessoas de facto têm PHDA. Já agora, ritalina não é a única medicação disponível para esta condição.
Falo com bastante conhecimento porque a minha esposa tem PHDA e faz medicação, tem de fazer. Se não fizer a vida dela é infernal, ela não consegue concentrar-se o suficiente para trabalhar em condições. Começa várias coisas ao mesmo tempo e não termina nenhuma. As distrações são inúmeras e por vezes causam situações mais ou menos graves. E tudo isto porque o cérebro dela funciona mesmo de forma diferente e faz com que seja muito mais difícil fazer determinadas coisas que para mim, por exemplo, são tão fáceis que nem sequer penso duas vezes nisso. Para mim e para todas as pessoas sem PHDA.
Paralelamente, eu tenho praticamente a certeza que o meu filho tem PHDA. Ele tem absolutamente todos os sintomas que constam do DSM. E já falei sobre isto muitas vezes com pediatra, psicóloga, etc e neste momento não vemos relevância em medicar. Por acaso a título de curiosidade perguntei-lhe. Não entrei nesses detalhes todos, perguntei-lhe "se pudesses tomar um remédio que fizesse com que tu conseguisses estar mais atento ao professor, que fizesse com que fosse mais fácil para ti terminares as tarefas na sala de aula, etc tu querias?". E mesmo tendo "vermelhos" nas tarefas frequentemente, por vezes no comportamento também (não consegue estar parado), e os vermelhos sendo um problema na cabeça dele, ele respondeu-me que não, que não queria esse remédio porque o facto dele ser distraído não o incomoda, ele não se importa. Que incomoda outras pessoas, incomoda o professor, etc mas não a ele e que, por isso, ele que quereria o medicamento. Isto só reforçou a minha ideia de que para já é prematuro entrar por aí. E mesmo com todas as questões da distração, de não fazer as tarefas, de ser mais lento em tudo do que os outros meninos, felizmente não o afeta a nível de aprendizagem e conseguiu atingir todos os objetivos do 1º ano com sucesso. Mas tenho plena consciência que eventualmente o défice de atenção não lhe vai permitir continuar a ter sucesso escolar, seja no 2º ciclo, no 3º ou no secundário. Mas uma coisa de cada vez.
*
Já agora, como professora que tem vindo a lecionar AECS nos últimos 3 anos (este ano acabei por só lecionar dois meses pois não me estava compensar) não acho nada que as crianças estejam medicadas em excesso. São muito poucas as que estão medicadas no primeiro ciclo, quase nenhuma. Mesmo quando têm comportamentos muitos difíceis e possivelmente fruto do PHDA. Não vivemos nos EUA \/:)

A título de curiosidade, eu gostaria de saber como é que se deteta uma doença/patologia (desculpe, nao sei como se designa) destas?
Quão má tem que ser a falta de atencao, ou o prejuizio que resulta dela?
É que faltas de atencao todos tempos. Ou de concentraçao.
Atencao que nao estou a desvalorizar no caso da sua esposa.
Mas tenho curiosidade em saber.
É que me é muito dificil dimensionar. Nao consigo imaginar.

Ela foi mesmo avaliada por dois psicólogos que trabalharam como equipa e depois um psiquiatra. Fez os testes específicos, foi um diagnóstico que só foi possível obter depois de todos os testes feitos, que incluíram desde entrevistas a ela e à família, até a testes de perceção individual (muitos), passando por testes de desempenho mesmo. Ela tem PHDA desde sempre mas só foi diagnosticada em adulta. Teve sempre muitas problemas com a questão da concentração, desde que entrou na escola, mas ouviu grande parte da vida que era preguiçosa, que não se esforçava para ouvir as pessoas, que era mal educada etc quando na verdade tem PHDA. Só para dar um exemplo, quando ela tinha 8 ou 9 anos a mãe dela levou-a mesmo a um otorrino para testar a audição dela porque estava convencida que não era possível, ela tinha de ouvir mal. Mas ouvia bem Cair ao chão de tanto rir

Sobre Videl86

08 de dezembro de 2014 <3 49,5 cm e 2,920 de amor e doçura <3
13 de dezembro de 2017 <3 47 cm e 2,815 de fofurice e amor <3

Anotski85 -
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Desde 09 Jun 2020

Sansa escreveu:

Sansa escreveu:

Anotski85 escreveu:

Sansa escreveu:Em relação a ter pais suficientemente informados para saber recusar a prescrição deste tipo de drogas até aos 17 anos, discordo. Novamente é um direito que a minha filha tem decidir se quer tomar um medicamento que a poderá fazer sentir-se melhor. Conheço 3 casos muito próximos de adolescentes (um deles jovem adulto) que foram diagnosticados depois dos 15 e todos afirmam que gostariam de ter iniciado a ser medicados muitos anos antes. E não é por vibrarem com a ideia de tomar anfetaminas, aliás o objetivo é mesmo o oposto, "vibrar" menos.
A maioria das pessoas com ADHD tem de suportar diariamente os efeitos secundários da medicação para poder usufruir dos seus benefícios.
Quero apoiar a minha filha e não lhe quero negar o direito a sentir-se "melhor" nem a quero forçar a tomar uma medicação com a qual ela poderá não se sentir bem.

Certo, o direito da tua filha, ou de qualquer criança e jovem, é de ter, primeiro, um diagnóstico adequado e um meio ambiente com expectativas também elas adequadas à idade da criança. Depois, sim, é ter um tratamento também ele adequado ao diagnóstico e, esse é o ponto, minimizado de riscos para a saúde da criança. A Ritalina é um medicamento da família das anfetaminas. É altamente aditivo. Os seus efeitos são semelhantes ao da cocaína. E é por isso que nos meios académicos prolifera como a droga predilecta, seja para permitir acompanhar um ambiente académico altamente competitivo, seja para fins recreativos. E , sim, um adolescente, cujas estruturas cognitivas são ainda extremamente propicias à assunção de riscos, tem muito maior probabilidade de ingerir um medicamento destes de forma abusiva, como aliás o problema de adição em Ritalin e Adderall nos EUA confirma (onde os diagnósticos de hiperatividade e défice de atenção, e correspondente prescrição dessas drogas, abundam).
.
Com isto não estou a dizer que a criança A ou B não tem um problema que deve ser acompanhado e eventualmente tratado (havendo alguma coisa para tratar). Estou a dizer que esta via, embora pareça a mais fácil no imediato, pode ser a mais danosa para a criança. E mais, que uma criança não pode saber tudo isto para tomar uma decisão informada, e que não basta tomar uma decisão com base no sentir-se melhor ou não. Não é só disso que trata aqui. Trata-se também de ter informação complexa para fazer uma análise prospectiva sobre o impacto da medicação na saúde da criança. E essa é uma competência de um ou mais adultos muito bem informados.

Anotski, com todo o respeito, não admito esse tipo de acusações. Não sou nenhuma drogada, nem fui diagnosticada às 3 pancadas. Sofri uma vida inteira de uma condição que me dificultou imenso o meu percurso académico e profissional , quando poderia ter tido algum alívio dos sintomas que tornam o meu dia a dia uma batalha. O efeito da medicação em indivíduos com ADHD é totalmente diferente do efeito sentir por indivíduos neurotípicos. Lá porque não entendes o que é ter um cérebro que não pára, que consome a energia toda e nos deixa exaustos, não te dá o direito de vires com exemplos oriundos de um país que não devia servir de exemplo para este tipo de questões.
Não defendo que as crianças tomem Ritalina como quem toma paracetamol, mas existe uma coisa que se chama educar e informar, e é possível informar os jovens e crianças mais velhas sobre a toma consciente deste tipo de substâncias.
Não vou argumentar mais sobre algo é pessoal. Eu não estou a encorajar ninguém para seguir os meus passos, apenas partilhei a minha postura sobre a toma de Ritalina. Não estou sequer a colocar a minha filha em perigo, ou estou?

Podes não perceber o razão para a minha reação, mas o teu comentário aponta na direção de pill shaming. Imensas pessoas com THDA são alvo de críticas por tomarem este tipo de medicação. Como se tivéssemos culpa que aquilo que nos põe low é o que os outros procuram para ficarem high...


OH Sansa, caramba, a questão aqui foi o diagnóstico leviano da terapeuta ao Henrique! O meu comentário sobre diagnósticos inadequados a crianças e jovens que crescem com consumos desnecessários e potencialmente abusivos de Ritalina vem nessa sequência, não no de tu teres um problema que precisa de ser tratado! Será tão difícil perceberes isso? E que o Henrique não é capaz de compreender ainda a complexidade destas questões (e que este é o meu único ponto de discordância contigo)?

Anotski85 -
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Desde 09 Jun 2020

Videl86 escreveu:
Eu fico um bocado chocada com alguns comentários por aqui, principalmente a crítica toda à medicação.
Ok no caso do Henrique é totalmente despropositado, ele é muito pequeno, nem sequer anda na escola primária e não é uma terapeuta que o vai diagnosticar.
No entanto o debate que depois se gerou choca-me bastante. A medicação para o PHDA em Portugal é extremamente controlada. Não pode ser receitada à toa por qualquer médico, não é como algumas pessoas imaginam. Não é receitado para acalmar as crianças. Aliás, é uma medicação controlada mesmo quando a vamos levantar à farmácia, pedem-nos identificação e ficam com os nossos dados. Um diagnóstico em condições é feito por uma equipa multidisciplinar, pelo menos com crianças. E mesmo com adultos geralmente passa por vários profissionais. O efeito da medicação em pessoas com PHDA não é o mesmo efeito dessa medicação em pessoas sem PHDA. Dou um exemplo meio ridículo: eu sou asmática e tomo medicação para controlar. Tenho também uma bomba de sos. Quando eu era mais nova (pré-adolescente) tinha umas colegas que adoravam usar a minha bomba sos porque lhes dava uns sintomas parvos, tipo aceleração do coração e etc e pronto, era uma idade parva. Quando eu tomava a bomba por precisar, não sentia isso, apenas passava a respirar melhor novamente. Com a medicação de PHDA também é assim. Ajuda quando as pessoas de facto têm PHDA. Já agora, ritalina não é a única medicação disponível para esta condição.
Falo com bastante conhecimento porque a minha esposa tem PHDA e faz medicação, tem de fazer. Se não fizer a vida dela é infernal, ela não consegue concentrar-se o suficiente para trabalhar em condições. Começa várias coisas ao mesmo tempo e não termina nenhuma. As distrações são inúmeras e por vezes causam situações mais ou menos graves. E tudo isto porque o cérebro dela funciona mesmo de forma diferente e faz com que seja muito mais difícil fazer determinadas coisas que para mim, por exemplo, são tão fáceis que nem sequer penso duas vezes nisso. Para mim e para todas as pessoas sem PHDA.
Paralelamente, eu tenho praticamente a certeza que o meu filho tem PHDA. Ele tem absolutamente todos os sintomas que constam do DSM. E já falei sobre isto muitas vezes com pediatra, psicóloga, etc e neste momento não vemos relevância em medicar. Por acaso a título de curiosidade perguntei-lhe. Não entrei nesses detalhes todos, perguntei-lhe "se pudesses tomar um remédio que fizesse com que tu conseguisses estar mais atento ao professor, que fizesse com que fosse mais fácil para ti terminares as tarefas na sala de aula, etc tu querias?". E mesmo tendo "vermelhos" nas tarefas frequentemente, por vezes no comportamento também (não consegue estar parado), e os vermelhos sendo um problema na cabeça dele, ele respondeu-me que não, que não queria esse remédio porque o facto dele ser distraído não o incomoda, ele não se importa. Que incomoda outras pessoas, incomoda o professor, etc mas não a ele e que, por isso, ele que quereria o medicamento. Isto só reforçou a minha ideia de que para já é prematuro entrar por aí. E mesmo com todas as questões da distração, de não fazer as tarefas, de ser mais lento em tudo do que os outros meninos, felizmente não o afeta a nível de aprendizagem e conseguiu atingir todos os objetivos do 1º ano com sucesso. Mas tenho plena consciência que eventualmente o défice de atenção não lhe vai permitir continuar a ter sucesso escolar, seja no 2º ciclo, no 3º ou no secundário. Mas uma coisa de cada vez.
*
Já agora, como professora que tem vindo a lecionar AECS nos últimos 3 anos (este ano acabei por só lecionar dois meses pois não me estava compensar) não acho nada que as crianças estejam medicadas em excesso. São muito poucas as que estão medicadas no primeiro ciclo, quase nenhuma. Mesmo quando têm comportamentos muitos difíceis e possivelmente fruto do PHDA. Não vivemos nos EUA \/:)

Pois não, nós não vivemos nos EUA, mas a Carla e a sua família também não vivem em Portugal.

Anotski85 -
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Desde 09 Jun 2020

Anotski85 escreveu:

Sansa escreveu:

Sansa escreveu:

Anotski85 escreveu:

Sansa escreveu:Em relação a ter pais suficientemente informados para saber recusar a prescrição deste tipo de drogas até aos 17 anos, discordo. Novamente é um direito que a minha filha tem decidir se quer tomar um medicamento que a poderá fazer sentir-se melhor. Conheço 3 casos muito próximos de adolescentes (um deles jovem adulto) que foram diagnosticados depois dos 15 e todos afirmam que gostariam de ter iniciado a ser medicados muitos anos antes. E não é por vibrarem com a ideia de tomar anfetaminas, aliás o objetivo é mesmo o oposto, "vibrar" menos.
A maioria das pessoas com ADHD tem de suportar diariamente os efeitos secundários da medicação para poder usufruir dos seus benefícios.
Quero apoiar a minha filha e não lhe quero negar o direito a sentir-se "melhor" nem a quero forçar a tomar uma medicação com a qual ela poderá não se sentir bem.

Certo, o direito da tua filha, ou de qualquer criança e jovem, é de ter, primeiro, um diagnóstico adequado e um meio ambiente com expectativas também elas adequadas à idade da criança. Depois, sim, é ter um tratamento também ele adequado ao diagnóstico e, esse é o ponto, minimizado de riscos para a saúde da criança. A Ritalina é um medicamento da família das anfetaminas. É altamente aditivo. Os seus efeitos são semelhantes ao da cocaína. E é por isso que nos meios académicos prolifera como a droga predilecta, seja para permitir acompanhar um ambiente académico altamente competitivo, seja para fins recreativos. E , sim, um adolescente, cujas estruturas cognitivas são ainda extremamente propicias à assunção de riscos, tem muito maior probabilidade de ingerir um medicamento destes de forma abusiva, como aliás o problema de adição em Ritalin e Adderall nos EUA confirma (onde os diagnósticos de hiperatividade e défice de atenção, e correspondente prescrição dessas drogas, abundam).
.
Com isto não estou a dizer que a criança A ou B não tem um problema que deve ser acompanhado e eventualmente tratado (havendo alguma coisa para tratar). Estou a dizer que esta via, embora pareça a mais fácil no imediato, pode ser a mais danosa para a criança. E mais, que uma criança não pode saber tudo isto para tomar uma decisão informada, e que não basta tomar uma decisão com base no sentir-se melhor ou não. Não é só disso que trata aqui. Trata-se também de ter informação complexa para fazer uma análise prospectiva sobre o impacto da medicação na saúde da criança. E essa é uma competência de um ou mais adultos muito bem informados.

Anotski, com todo o respeito, não admito esse tipo de acusações. Não sou nenhuma drogada, nem fui diagnosticada às 3 pancadas. Sofri uma vida inteira de uma condição que me dificultou imenso o meu percurso académico e profissional , quando poderia ter tido algum alívio dos sintomas que tornam o meu dia a dia uma batalha. O efeito da medicação em indivíduos com ADHD é totalmente diferente do efeito sentir por indivíduos neurotípicos. Lá porque não entendes o que é ter um cérebro que não pára, que consome a energia toda e nos deixa exaustos, não te dá o direito de vires com exemplos oriundos de um país que não devia servir de exemplo para este tipo de questões.
Não defendo que as crianças tomem Ritalina como quem toma paracetamol, mas existe uma coisa que se chama educar e informar, e é possível informar os jovens e crianças mais velhas sobre a toma consciente deste tipo de substâncias.
Não vou argumentar mais sobre algo é pessoal. Eu não estou a encorajar ninguém para seguir os meus passos, apenas partilhei a minha postura sobre a toma de Ritalina. Não estou sequer a colocar a minha filha em perigo, ou estou?

Podes não perceber o razão para a minha reação, mas o teu comentário aponta na direção de pill shaming. Imensas pessoas com THDA são alvo de críticas por tomarem este tipo de medicação. Como se tivéssemos culpa que aquilo que nos põe low é o que os outros procuram para ficarem high...

OH Sansa, caramba, a questão aqui foi o diagnóstico leviano da terapeuta ao Henrique! O meu comentário sobre diagnósticos inadequados a crianças e jovens que crescem com consumos desnecessários e potencialmente abusivos de Ritalina vem nessa sequência, não no de tu teres um problema que precisa de ser tratado! Será tão difícil perceberes isso? E que o Henrique não é capaz de compreender ainda a complexidade destas questões (e que este é o meu único ponto de discordância contigo)?


.
E honestamente não consigo perceber onde lês uma acusação no que escrevi. Estas a pessoalizar e a distorcer o que lês nos meus contributos para esta discussão, e isso não traz vantagem nenhuma. Eu não te acusei de nada, Sansa. A única coisa que te posso, agora, apontar, é uma certa resistência em aceitar que esses medicamentos não são como um paracetamol. Têm risco de adição e influenciam o funcionamento cognitivo e neurológico. Dados a uma criança ou jovem neurotipicos, para usar a tua expressão, podem ser eles próprios a fonte de diversos problemas de saúde e de desenvolvimento. Esse é o ponto aqui.
.
Carla, ja agora, do que leio, parece me que o teu Henrique é um menino perfeitamente normal e bem. Aprender 3 línguas em tão tenra idade até pode ser uma expectativa muito elevada, bem como o ajustamento à nova casa, escola, cidade, país (vocês mudaram para aí ha relativamente pouco tempo, não foi?). Eu não sou especialista l, não sei fazer diagnósticos de coisa nenhuma, mas do que leio acho que deves ter muita calma, acreditar nas capacidades do Henrique e dar-lhe tempo. Se a terapia da fala ajuda com o espanhol, então continua. Mas não embarques num diagnóstico de défice de atenção assim tão facilmente. Se ficares na dúvida, contacta outro especialista, fala com a neurologista que o segue na próxima consulta, enfim, o que puderes para teres pena certeza do diagnóstico e de quais as alternativas de intervenção.

Sansa -
Offline
Desde 18 Jan 2018

Para mim é tão absurdo uma terapeuta da fala que sugere que uma criança de 5 anos deve começar a tomar medicação para a concentração (e o contexto ainda torna isto mais ridículo), assim como crítica os pais por tentarem ajudar o filho, e ainda quem critica o uso de medicação para uma condição que tem um sério impacto na vida de quem dela sofre.
Chateia a quantidade de pessoas que rotulam qualquer criança mais energética como hipertactiva, como se este fosse o único critério para se estabelecer um diagnóstico. E o mesmo vai para as crianças que têm dificuldade em permanecer concentradas numa actividade. E no caso do Henrique pontua bem alto na escala de absurdidade sugerir esperar que uma criança de 5 anos mantenha o foco às 20h00.
Deve se dar espaço para a criança se desenvolver, e mesmo que esta apresente sinais de THDA, existem estratégias que os professores podem adaptar à criança.
À medida que a criança cresce e as exigências a nível escolar aumentam, as dificuldades podem, ou não piorar, e aí é importante que se avance com o diagnóstico e se ofereça à criança/adolescente a oportunidade de tomar medicação que a poderá ajudar a controlar alguns dos seus sintomas. E este ponto, na minha opinião, tem de ser uma decisão da própria criança/adolescente. E volto a reforçar, como é evidente, sob orientação dos adultos que estão envolvidos nesse processo.
Nada sei como funciona em Portugal, mas aqui a criança é elucidada e sobre a sua medicação. A dispensa de substâncias como é o caso dos medicamentos para o tratamento de THDA é altamente controlada.
O desenvolvimento cognitivo da criança não é avançado ao ponto de entender física teórica, mas já pode perfeitamente entender que se sentir que é muito difícil executar determinadas tarefas escolares, ou manter a sua concentração quando estuda, pode tomar um medicamento. É também importante que compreenda que não tem de continuar a toma se não se sentir bem. Eu acho que não é preciso estar ao nível do Stephen Hawking para poder tomar este tipo de decisão.
Os pais não devem forçar a criança a tomar este tipo de substâncias. Os efeitos secundários conseguem ser extremamente desagradáveis, e a única razão pela qual a maioria das pessoas os toleram é porque o alívio de certos sintomas compensa (excepto as palpitações).
Quando tomei metilfenidato pela primeira vez, senti uma tranquilidade enorme, senti o turbilhão constante de pensamentos a desacelerar, senti mais controlo sobre as minhas emoções, entre outros.
O meu percurso académico e profissional poderia ter sido diferente se tivesse tido a oportunidade de tomar medicação. Estar a negar uma vida mais fácil à minha filha seria muito cruel.

carlabrito -
Offline
Desde 30 Maio 2017

Anotski85 escreveu:

Anotski85 escreveu:

Sansa escreveu:

Sansa escreveu:

Anotski85 escreveu:

Sansa escreveu:Em relação a ter pais suficientemente informados para saber recusar a prescrição deste tipo de drogas até aos 17 anos, discordo. Novamente é um direito que a minha filha tem decidir se quer tomar um medicamento que a poderá fazer sentir-se melhor. Conheço 3 casos muito próximos de adolescentes (um deles jovem adulto) que foram diagnosticados depois dos 15 e todos afirmam que gostariam de ter iniciado a ser medicados muitos anos antes. E não é por vibrarem com a ideia de tomar anfetaminas, aliás o objetivo é mesmo o oposto, "vibrar" menos.
A maioria das pessoas com ADHD tem de suportar diariamente os efeitos secundários da medicação para poder usufruir dos seus benefícios.
Quero apoiar a minha filha e não lhe quero negar o direito a sentir-se "melhor" nem a quero forçar a tomar uma medicação com a qual ela poderá não se sentir bem.

Certo, o direito da tua filha, ou de qualquer criança e jovem, é de ter, primeiro, um diagnóstico adequado e um meio ambiente com expectativas também elas adequadas à idade da criança. Depois, sim, é ter um tratamento também ele adequado ao diagnóstico e, esse é o ponto, minimizado de riscos para a saúde da criança. A Ritalina é um medicamento da família das anfetaminas. É altamente aditivo. Os seus efeitos são semelhantes ao da cocaína. E é por isso que nos meios académicos prolifera como a droga predilecta, seja para permitir acompanhar um ambiente académico altamente competitivo, seja para fins recreativos. E , sim, um adolescente, cujas estruturas cognitivas são ainda extremamente propicias à assunção de riscos, tem muito maior probabilidade de ingerir um medicamento destes de forma abusiva, como aliás o problema de adição em Ritalin e Adderall nos EUA confirma (onde os diagnósticos de hiperatividade e défice de atenção, e correspondente prescrição dessas drogas, abundam).
.
Com isto não estou a dizer que a criança A ou B não tem um problema que deve ser acompanhado e eventualmente tratado (havendo alguma coisa para tratar). Estou a dizer que esta via, embora pareça a mais fácil no imediato, pode ser a mais danosa para a criança. E mais, que uma criança não pode saber tudo isto para tomar uma decisão informada, e que não basta tomar uma decisão com base no sentir-se melhor ou não. Não é só disso que trata aqui. Trata-se também de ter informação complexa para fazer uma análise prospectiva sobre o impacto da medicação na saúde da criança. E essa é uma competência de um ou mais adultos muito bem informados.

Anotski, com todo o respeito, não admito esse tipo de acusações. Não sou nenhuma drogada, nem fui diagnosticada às 3 pancadas. Sofri uma vida inteira de uma condição que me dificultou imenso o meu percurso académico e profissional , quando poderia ter tido algum alívio dos sintomas que tornam o meu dia a dia uma batalha. O efeito da medicação em indivíduos com ADHD é totalmente diferente do efeito sentir por indivíduos neurotípicos. Lá porque não entendes o que é ter um cérebro que não pára, que consome a energia toda e nos deixa exaustos, não te dá o direito de vires com exemplos oriundos de um país que não devia servir de exemplo para este tipo de questões.
Não defendo que as crianças tomem Ritalina como quem toma paracetamol, mas existe uma coisa que se chama educar e informar, e é possível informar os jovens e crianças mais velhas sobre a toma consciente deste tipo de substâncias.
Não vou argumentar mais sobre algo é pessoal. Eu não estou a encorajar ninguém para seguir os meus passos, apenas partilhei a minha postura sobre a toma de Ritalina. Não estou sequer a colocar a minha filha em perigo, ou estou?

Podes não perceber o razão para a minha reação, mas o teu comentário aponta na direção de pill shaming. Imensas pessoas com THDA são alvo de críticas por tomarem este tipo de medicação. Como se tivéssemos culpa que aquilo que nos põe low é o que os outros procuram para ficarem high...

OH Sansa, caramba, a questão aqui foi o diagnóstico leviano da terapeuta ao Henrique! O meu comentário sobre diagnósticos inadequados a crianças e jovens que crescem com consumos desnecessários e potencialmente abusivos de Ritalina vem nessa sequência, não no de tu teres um problema que precisa de ser tratado! Será tão difícil perceberes isso? E que o Henrique não é capaz de compreender ainda a complexidade destas questões (e que este é o meu único ponto de discordância contigo)?

.
E honestamente não consigo perceber onde lês uma acusação no que escrevi. Estas a pessoalizar e a distorcer o que lês nos meus contributos para esta discussão, e isso não traz vantagem nenhuma. Eu não te acusei de nada, Sansa. A única coisa que te posso, agora, apontar, é uma certa resistência em aceitar que esses medicamentos não são como um paracetamol. Têm risco de adição e influenciam o funcionamento cognitivo e neurológico. Dados a uma criança ou jovem neurotipicos, para usar a tua expressão, podem ser eles próprios a fonte de diversos problemas de saúde e de desenvolvimento. Esse é o ponto aqui.
.
Carla, ja agora, do que leio, parece me que o teu Henrique é um menino perfeitamente normal e bem. Aprender 3 línguas em tão tenra idade até pode ser uma expectativa muito elevada, bem como o ajustamento à nova casa, escola, cidade, país (vocês mudaram para aí ha relativamente pouco tempo, não foi?). Eu não sou especialista l, não sei fazer diagnósticos de coisa nenhuma, mas do que leio acho que deves ter muita calma, acreditar nas capacidades do Henrique e dar-lhe tempo. Se a terapia da fala ajuda com o espanhol, então continua. Mas não embarques num diagnóstico de défice de atenção assim tão facilmente. Se ficares na dúvida, contacta outro especialista, fala com a neurologista que o segue na próxima consulta, enfim, o que puderes para teres pena certeza do diagnóstico e de quais as alternativas de intervenção.

Se há coisa que o Henrique nao vai fazer, é tomar o que quer que seja.
Isso é ponto assente e nem sequer é ponto de conversa entre eu e o pai porque estamos perfeitamente alinhados.
Não vou à neurologista dele, porque elas as duas pertencem ao mesmo centro, e agora até trabalham no mesmo edificio, e sinceramente, nao me parece necessário mais nenhuma consulta com esta especialidade.
Eu tenho duas questoes para a terapeuta da fala:
1) Como espera que uma criança de 5 anos na situacao do Henrique, mantenha o foco as 20h depois de um dia cheio. Acho que se ela fosse mesmo boa profissional, deveria insistir connosco para mudarmos a hora das sessoes, para o poder avaliar melhor noutras condiçoes.
2) Se o problema é a concentraçao, porque é que nao se ajustam as sessoes para trabalhar a concentraçao? Porque é que ela espera tratar a concentraçao com medicaçao? (apesar de eu aqui achar que as 20h nao tem que se trabalhar concentraçao nenhuma. A esta hora já deveria estar ele a caminho da cama...)

Namid -
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Desde 27 Fev 2022

Já percebi que o Henrique até gosta de ir e isso é ótimo, pode de facto até querer concentrar - se mas não consegue devido ao cansaço. Mas a minha opinião mantêm - se que as sessões tem um maior custo do que beneficio e tendo em conta o contexto em que acontecem só reafirma a minha posição. Um dia cheio com escola + atividade extra curricular + sono insuficiente + terapia de fala ás 20h. Desculpe lá, mas ninguém merece! Acho que você também chegou a essa conclusão o que eu não concordo é que a terapia mal não faz. No contexto em que acontecem como pode não fazer mal? O stress/cansaço não é um problema? Acho que o Henrique beneficiaria muito mais de usar o tempo da terapia para descansar que é o que ele precisa. Percebo perfeitamente o medo de deixar escapar alguma coisa enquanto mãe mas penso que você já fez a sua parte de procurar uma avaliação. Já foram descartados problemas graves que pudessem impedir o Henrique de aprender o idioma naturalmente com imersão na cultura e que de facto a terapia se tornasse essencial. O seu filho apenas precisa de tempo, é natural que o Henrique tenha melhorado a capacidade de comunicar - se em espanhol mas mesmo sem terapia teriam havido ganhos. O que eu quero dizer é que não é possível atribuir a evolução do Henrique completamente á terapia. E mesmo considerando que a terapia tenha dado um boost na linguagem, por assim dizer, no caso do Henrique, não sei qual é o beneficio em apressar o processo que viria naturalmente de qualquer forma. A meu ver, o custo é maior que o beneficio nas circunstâncias do Henrique. Também queria deixar uma nota em relação a saber falar bem para a primária, recomendo deixar essa pressão de preparar para a primária de lado, não faz qualquer sentido. Qual é o medo? Que o seu filho tenha o futuro estragado devido ás dificuldades na primária? Que não se adapte bem? Há imensas crianças que mudam de país estando em idade escolar e com mais ou menos dificuldades aprendem o idioma. O tempo para aprender a falar um idioma estrangeiro não deveria ser com 6 anos só porque entrou na escola.

Namid -
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Desde 27 Fev 2022

Já percebi que o Henrique até gosta de ir e isso é ótimo, pode de facto até querer concentrar - se mas não consegue devido ao cansaço. Mas a minha opinião mantêm - se que as sessões tem um maior custo do que beneficio e tendo em conta o contexto em que acontecem só reafirma a minha posição. Um dia cheio com escola + atividade extra curricular + sono insuficiente + terapia de fala ás 20h. Desculpe lá, mas ninguém merece! Acho que você também chegou a essa conclusão o que eu não concordo é que a terapia mal não faz. No contexto em que acontecem como pode não fazer mal? O stress/cansaço não é um problema? Acho que o Henrique beneficiaria muito mais de usar o tempo da terapia para descansar que é o que ele precisa. Percebo perfeitamente o medo de deixar escapar alguma coisa enquanto mãe mas penso que você já fez a sua parte de procurar uma avaliação. Já foram descartados problemas graves que pudessem impedir o Henrique de aprender o idioma naturalmente com imersão na cultura e que de facto a terapia se tornasse essencial. O seu filho apenas precisa de tempo, é natural que o Henrique tenha melhorado a capacidade de comunicar - se em espanhol mas mesmo sem terapia teriam havido ganhos. O que eu quero dizer é que não é possível atribuir a evolução do Henrique completamente á terapia. E mesmo considerando que a terapia tenha dado um boost na linguagem, por assim dizer, no caso do Henrique, não sei qual é o beneficio em apressar o processo que viria naturalmente de qualquer forma. A meu ver, o custo é maior que o beneficio nas circunstâncias do Henrique. Também queria deixar uma nota em relação a saber falar bem para a primária, recomendo deixar essa pressão de preparar para a primária de lado, não faz qualquer sentido. Qual é o medo? Que o seu filho tenha o futuro estragado devido ás dificuldades na primária? Que não se adapte bem? Há imensas crianças que mudam de país estando em idade escolar e com mais ou menos dificuldades aprendem o idioma. O tempo para aprender a falar um idioma estrangeiro não deveria ser com 6 anos só porque entrou na escola.

carlabrito -
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Desde 30 Maio 2017

Namid escreveu:
Já percebi que o Henrique até gosta de ir e isso é ótimo, pode de facto até querer concentrar - se mas não consegue devido ao cansaço. Mas a minha opinião mantêm - se que as sessões tem um maior custo do que beneficio e tendo em conta o contexto em que acontecem só reafirma a minha posição. Um dia cheio com escola + atividade extra curricular + sono insuficiente + terapia de fala ás 20h. Desculpe lá, mas ninguém merece! Acho que você também chegou a essa conclusão o que eu não concordo é que a terapia mal não faz. No contexto em que acontecem como pode não fazer mal? O stress/cansaço não é um problema? Acho que o Henrique beneficiaria muito mais de usar o tempo da terapia para descansar que é o que ele precisa. Percebo perfeitamente o medo de deixar escapar alguma coisa enquanto mãe mas penso que você já fez a sua parte de procurar uma avaliação. Já foram descartados problemas graves que pudessem impedir o Henrique de aprender o idioma naturalmente com imersão na cultura e que de facto a terapia se tornasse essencial. O seu filho apenas precisa de tempo, é natural que o Henrique tenha melhorado a capacidade de comunicar - se em espanhol mas mesmo sem terapia teriam havido ganhos. O que eu quero dizer é que não é possível atribuir a evolução do Henrique completamente á terapia. E mesmo considerando que a terapia tenha dado um boost na linguagem, por assim dizer, no caso do Henrique, não sei qual é o beneficio em apressar o processo que viria naturalmente de qualquer forma. A meu ver, o custo é maior que o beneficio nas circunstâncias do Henrique. Também queria deixar uma nota em relação a saber falar bem para a primária, recomendo deixar essa pressão de preparar para a primária de lado, não faz qualquer sentido. Qual é o medo? Que o seu filho tenha o futuro estragado devido ás dificuldades na primária? Que não se adapte bem? Há imensas crianças que mudam de país estando em idade escolar e com mais ou menos dificuldades aprendem o idioma. O tempo para aprender a falar um idioma estrangeiro não deveria ser com 6 anos só porque entrou na escola.

Concordo que estas sessoes sao muito cansativas para ele. Já tinhamos chegado a essa conclusao e dentro de duas semanas acabam.
Quanto ao futuro estragado por causa das dificuldades da primária, claro que nao. Isso é exagerado, mas quando diz "com mais ou menos dificuldades" é esse o ponto principal.
Minimizar as dificuldades para que consiga acompanhar o programa o melhor possível.
Em alguns dos meus posts eu refiro que ele nas aulas se desconectava muitissimo porque nao compreendia o que as professoras diziam e entao deitava-se no chao, virava as costas, etc. Nao chateava nem incomodava ninguem. Mas quer dizer.... isto nao é nada bom de acontecer na primária.
Em vez de chegar à primaria e ser muito mais custoso para ele e para nós para ele acompanhar, o objetivo destas sessoes era antecipar tranquilamente esse trabalho. Era ser um plus.
Se correu bem tudo isto? Nao totalmente.
Mas também nao foi nada de grave e cá estamos para dar a volta e corrigir.
E aprender!

Namid -
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Desde 27 Fev 2022

carlabrito escreveu:

Namid escreveu:Já percebi que o Henrique até gosta de ir e isso é ótimo, pode de facto até querer concentrar - se mas não consegue devido ao cansaço. Mas a minha opinião mantêm - se que as sessões tem um maior custo do que beneficio e tendo em conta o contexto em que acontecem só reafirma a minha posição. Um dia cheio com escola + atividade extra curricular + sono insuficiente + terapia de fala ás 20h. Desculpe lá, mas ninguém merece! Acho que você também chegou a essa conclusão o que eu não concordo é que a terapia mal não faz. No contexto em que acontecem como pode não fazer mal? O stress/cansaço não é um problema? Acho que o Henrique beneficiaria muito mais de usar o tempo da terapia para descansar que é o que ele precisa. Percebo perfeitamente o medo de deixar escapar alguma coisa enquanto mãe mas penso que você já fez a sua parte de procurar uma avaliação. Já foram descartados problemas graves que pudessem impedir o Henrique de aprender o idioma naturalmente com imersão na cultura e que de facto a terapia se tornasse essencial. O seu filho apenas precisa de tempo, é natural que o Henrique tenha melhorado a capacidade de comunicar - se em espanhol mas mesmo sem terapia teriam havido ganhos. O que eu quero dizer é que não é possível atribuir a evolução do Henrique completamente á terapia. E mesmo considerando que a terapia tenha dado um boost na linguagem, por assim dizer, no caso do Henrique, não sei qual é o beneficio em apressar o processo que viria naturalmente de qualquer forma. A meu ver, o custo é maior que o beneficio nas circunstâncias do Henrique. Também queria deixar uma nota em relação a saber falar bem para a primária, recomendo deixar essa pressão de preparar para a primária de lado, não faz qualquer sentido. Qual é o medo? Que o seu filho tenha o futuro estragado devido ás dificuldades na primária? Que não se adapte bem? Há imensas crianças que mudam de país estando em idade escolar e com mais ou menos dificuldades aprendem o idioma. O tempo para aprender a falar um idioma estrangeiro não deveria ser com 6 anos só porque entrou na escola.

Concordo que estas sessoes sao muito cansativas para ele. Já tinhamos chegado a essa conclusao e dentro de duas semanas acabam.
Quanto ao futuro estragado por causa das dificuldades da primária, claro que nao. Isso é exagerado, mas quando diz "com mais ou menos dificuldades" é esse o ponto principal.
Minimizar as dificuldades para que consiga acompanhar o programa o melhor possível.
Em alguns dos meus posts eu refiro que ele nas aulas se desconectava muitissimo porque nao compreendia o que as professoras diziam e entao deitava-se no chao, virava as costas, etc. Nao chateava nem incomodava ninguem. Mas quer dizer.... isto nao é nada bom de acontecer na primária.
Em vez de chegar à primaria e ser muito mais custoso para ele e para nós para ele acompanhar, o objetivo destas sessoes era antecipar tranquilamente esse trabalho. Era ser um plus.
Se correu bem tudo isto? Nao totalmente.
Mas também nao foi nada de grave e cá estamos para dar a volta e corrigir.
E aprender!


E mesmo que tenha dificuldades em acompanhar o programa da primária, vem mal ao mundo? As coisas básicas da primária eventualmente irá aprender pois fazem parte do dia a dia. O Henrique estará a aprender, por si só, assimilar uma lingua estrangeira tem imenso valor. Acho que aqui a preocupação deveria ser: O Henrique está a aprender? Em vez de o Henrique está a acompanhar o programa? Porque o programa não é uma reliquia de ouro, não é supremo da sabedoria. Ainda há pouco tempo a desfolhar um manual de estudo do meio deparei - me com a informação que era necessário beber leite ou comer outros laticinios para ser saudável. 😑 Dou mais valor que os meus filhos possam aprender por exploração e que desenvolvam o pensamento crítico do que ficarem com estas ideias. E para isso o Henrique poderá fazer em qualquer língua. E quantos mais linguas souber mais recursos pode acessar.
Sou nutricionista e posso dizer que as evidencia cientica atual não aponta para isso. As coisas são mais complexas do que parecem e muita informação é transmitida de forma muita simplista. Mas isto já está a ser off topic. É viver e aprender!

Sansa -
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Desde 18 Jan 2018

carlabrito escreveu:

Se há coisa que o Henrique nao vai fazer, é tomar o que quer que seja.
Isso é ponto assente e nem sequer é ponto de conversa entre eu e o pai porque estamos perfeitamente alinhados.
Não vou à neurologista dele, porque elas as duas pertencem ao mesmo centro, e agora até trabalham no mesmo edificio, e sinceramente, nao me parece necessário mais nenhuma consulta com esta especialidade.
Eu tenho duas questoes para a terapeuta da fala:
1) Como espera que uma criança de 5 anos na situacao do Henrique, mantenha o foco as 20h depois de um dia cheio. Acho que se ela fosse mesmo boa profissional, deveria insistir connosco para mudarmos a hora das sessoes, para o poder avaliar melhor noutras condiçoes.
2) Se o problema é a concentraçao, porque é que nao se ajustam as sessoes para trabalhar a concentraçao? Porque é que ela espera tratar a concentraçao com medicaçao? (apesar de eu aqui achar que as 20h nao tem que se trabalhar concentraçao nenhuma. A esta hora já deveria estar ele a caminho da cama...)

Carla, óbvio que näo vai tomar nada até porque näo é assim que essas coisas se procedem. Näo basta um terapeuta da fala achar que uma criança precisa de medicaçäo.

Sansa -
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Desde 18 Jan 2018

carlabrito escreveu:

A título de curiosidade, eu gostaria de saber como é que se deteta uma doença/patologia (desculpe, nao sei como se designa) destas?
Quão má tem que ser a falta de atencao, ou o prejuizio que resulta dela?
É que faltas de atencao todos tempos. Ou de concentraçao.
Atencao que nao estou a desvalorizar no caso da sua esposa.
Mas tenho curiosidade em saber.
É que me é muito dificil dimensionar. Nao consigo imaginar.


Embora seja designado por transtorno ou perturbaçäo, näo é uma coisa nem outra. THDA näo é uma patologia, mas na sociedade actual indivíduos com esta condiçäo estäo em desvantagem.
E apesar das dificuldades em prosperar na nossa sociedade, ter um cérebro com estas características pode ser um super poder. Se oferecermos äs nossas crianças as condiçöes para tirar partido do enorme potencial que o cérebro possui teremos inúmeros Eisteins a caminhar por aí (sim Einstein é um caso típico de THDA).
.
Eu gostava imenso de responder ä questäo quäo graves tëm de ser os sintomas para se detetar THDA mas existe tanto para dizer, para explicar e para exemplificar que o meu cérebro já está frenéticamente a pensar em mil e uma coisas e francamente näo consigo organizar a informaçäo de maneira clara, suscinta e ordenada. Basicamente apetece-me despejar tudo de uma só vez e como näo é possível prefiro näo dizer nada.

Ana Maria Costa1 -
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Desde 01 Fev 2019

O Henrique, acabado de fazer 5 anos, nem devia ter na escola algo chamado "aulas"...

fmmartins -
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Desde 14 Dez 2016

Sansa escreveu:

carlabrito escreveu:
A título de curiosidade, eu gostaria de saber como é que se deteta uma doença/patologia (desculpe, nao sei como se designa) destas?
Quão má tem que ser a falta de atencao, ou o prejuizio que resulta dela?
É que faltas de atencao todos tempos. Ou de concentraçao.
Atencao que nao estou a desvalorizar no caso da sua esposa.
Mas tenho curiosidade em saber.
É que me é muito dificil dimensionar. Nao consigo imaginar.

Embora seja designado por transtorno ou perturbaçäo, näo é uma coisa nem outra. THDA näo é uma patologia, mas na sociedade actual indivíduos com esta condiçäo estäo em desvantagem.
E apesar das dificuldades em prosperar na nossa sociedade, ter um cérebro com estas características pode ser um super poder. Se oferecermos äs nossas crianças as condiçöes para tirar partido do enorme potencial que o cérebro possui teremos inúmeros Eisteins a caminhar por aí (sim Einstein é um caso típico de THDA).
.
Eu gostava imenso de responder ä questäo quäo graves tëm de ser os sintomas para se detetar THDA mas existe tanto para dizer, para explicar e para exemplificar que o meu cérebro já está frenéticamente a pensar em mil e uma coisas e francamente näo consigo organizar a informaçäo de maneira clara, suscinta e ordenada. Basicamente apetece-me despejar tudo de uma só vez e como näo é possível prefiro näo dizer nada.

Há um enorme estigma e o assunto gera sempre polémica. Eu penso que os pais que medicam as suas crianças não tomam a decisão de ânimo leve, muitas vezes está relacionado com o prejuízo que a criança possa estar a ter na sua vida e essa decisão não deve ser nada fácil nem isenta de muita ponderação. Uma criança nesta condição não é burra, não é mal comportada, o seu cérebro só processa de forma diferente e podem ser tão capazes como qualquer outra sem THDA. Muitas das vezes a medicação é como uns óculos, umas muletas. Não sou a favor de diagnósticos precipitados e medicar crianças a torto e a direito, algumas bem novinhas mas creio que isso também não acontece. Do que tenho visto essa hipótese só se coloca muito mais à frente.
A minha filha não tem problemas de concentração mas é elétrica, parece que está ligada à corrente, não se cala um minuto e a energia dela cansa. É capaz de fazer várias coisas ao mesmo tempo mas atinge altos níveis de concentração, é uma criança de aprendizagem fácil e raciocínio rápido. O problema vem depois... estimula-se imenso até esgotar e depois temos crises terríveis.
Ouço inúmeras vezes da minha mãe que é hiperativa (já irrita lol) mas olha enquanto não a sentir prejudicada e infeliz vou deixar andar.

Sansa -
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Desde 18 Jan 2018

fmmartins escreveu:

Sansa escreveu:

carlabrito escreveu:
A título de curiosidade, eu gostaria de saber como é que se deteta uma doença/patologia (desculpe, nao sei como se designa) destas?
Quão má tem que ser a falta de atencao, ou o prejuizio que resulta dela?
É que faltas de atencao todos tempos. Ou de concentraçao.
Atencao que nao estou a desvalorizar no caso da sua esposa.
Mas tenho curiosidade em saber.
É que me é muito dificil dimensionar. Nao consigo imaginar.

Embora seja designado por transtorno ou perturbaçäo, näo é uma coisa nem outra. THDA näo é uma patologia, mas na sociedade actual indivíduos com esta condiçäo estäo em desvantagem.
E apesar das dificuldades em prosperar na nossa sociedade, ter um cérebro com estas características pode ser um super poder. Se oferecermos äs nossas crianças as condiçöes para tirar partido do enorme potencial que o cérebro possui teremos inúmeros Eisteins a caminhar por aí (sim Einstein é um caso típico de THDA).
.
Eu gostava imenso de responder ä questäo quäo graves tëm de ser os sintomas para se detetar THDA mas existe tanto para dizer, para explicar e para exemplificar que o meu cérebro já está frenéticamente a pensar em mil e uma coisas e francamente näo consigo organizar a informaçäo de maneira clara, suscinta e ordenada. Basicamente apetece-me despejar tudo de uma só vez e como näo é possível prefiro näo dizer nada.

Há um enorme estigma e o assunto gera sempre polémica. Eu penso que os pais que medicam as suas crianças não tomam a decisão de ânimo leve, muitas vezes está relacionado com o prejuízo que a criança possa estar a ter na sua vida e essa decisão não deve ser nada fácil nem isenta de muita ponderação. Uma criança nesta condição não é burra, não é mal comportada, o seu cérebro só processa de forma diferente e podem ser tão capazes como qualquer outra sem THDA. Muitas das vezes a medicação é como uns óculos, umas muletas. Não sou a favor de diagnósticos precipitados e medicar crianças a torto e a direito, algumas bem novinhas mas creio que isso também não acontece. Do que tenho visto essa hipótese só se coloca muito mais à frente.
A minha filha não tem problemas de concentração mas é elétrica, parece que está ligada à corrente, não se cala um minuto e a energia dela cansa. É capaz de fazer várias coisas ao mesmo tempo mas atinge altos níveis de concentração, é uma criança de aprendizagem fácil e raciocínio rápido. O problema vem depois... estimula-se imenso até esgotar e depois temos crises terríveis.
Ouço inúmeras vezes da minha mãe que é hiperativa (já irrita lol) mas olha enquanto não a sentir prejudicada e infeliz vou deixar andar.


O THDA se não for tratado (seja através de psicoterapia ou terapia farmacológica) pode ter um impacto muito negativo na vida do indivíduo. Não apenas relacionado com a dificuldade em gerir a atenção, ou problemas de memória, mas também a nível emocional. Muitos indivíduos com THDA sentem dificuldade em regular as emoções e isto traz consequências negativas. E de facto, um dos benefícios da medicação é a sensação de tranquilidade, uma paz interior.
Todas as pessoas experienciam ocasionalmente muitos dos sintomas que descrevem o THDA, mas não ao ponto de acharem que há algo que definitivamente não bate certo.
Imensas pessoas com THDA são extremamente inteligentes, o problema é ter de dançar ao mesmo ritmo dos outros. Se lhe for permitido dançar ao próprio ritmo, consegue suceder.
É engraçado que a condição seja designada por défice de atenção, quando na realidade não é bem um défice, é mais uma dificuldade em gerir para onde dirigir a atenção. O hiperfoco é uma característica extremamente comum. Quando encontro algo interessante consigo estar horas a fio focada nisso. Por exemplo, eu lia imenso, mas tive de deixar de o fazer porque fico completamente absorvida na leitura ao ponto de esquecer as horas e ignorar tarefas importantes. Mas esta habilidade pode ser usada como um super poder.
O problema desta condição é que o cérebro com THDA não se consegue ajustar às exigências da vida actual. Uma criança THDA consegue ser uma esponja e aprender muito, mas não no contexto típico da sala de aula.

carlabrito -
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Desde 30 Maio 2017

Sansa escreveu:

carlabrito escreveu:
A título de curiosidade, eu gostaria de saber como é que se deteta uma doença/patologia (desculpe, nao sei como se designa) destas?
Quão má tem que ser a falta de atencao, ou o prejuizio que resulta dela?
É que faltas de atencao todos tempos. Ou de concentraçao.
Atencao que nao estou a desvalorizar no caso da sua esposa.
Mas tenho curiosidade em saber.
É que me é muito dificil dimensionar. Nao consigo imaginar.

Embora seja designado por transtorno ou perturbaçäo, näo é uma coisa nem outra. THDA näo é uma patologia, mas na sociedade actual indivíduos com esta condiçäo estäo em desvantagem.
E apesar das dificuldades em prosperar na nossa sociedade, ter um cérebro com estas características pode ser um super poder. Se oferecermos äs nossas crianças as condiçöes para tirar partido do enorme potencial que o cérebro possui teremos inúmeros Eisteins a caminhar por aí (sim Einstein é um caso típico de THDA).
.
Eu gostava imenso de responder ä questäo quäo graves tëm de ser os sintomas para se detetar THDA mas existe tanto para dizer, para explicar e para exemplificar que o meu cérebro já está frenéticamente a pensar em mil e uma coisas e francamente näo consigo organizar a informaçäo de maneira clara, suscinta e ordenada. Basicamente apetece-me despejar tudo de uma só vez e como näo é possível prefiro näo dizer nada.

"Eu gostava imenso de responder ä questäo quäo graves"
"Quão graves". Vês?
É algo vísivel que uma pessoa leiga como eu, perceba?
Se eu me encontrar contigo e trocarmos umas palavras, eu vou perceber?
Percebes? Nao é algo que se fale muito, por isso para mim é uma coisas quase desconheida.

carlabrito -
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Desde 30 Maio 2017

Ana Maria Costa1 escreveu:
O Henrique, acabado de fazer 5 anos, nem devia ter na escola algo chamado "aulas"...

Eu já escrevi muito, mas acho que não falei em aulas, já não me lembro. Pelo menos agora no infantil.
Se falei, falei mais genérico.
É uma escola. É uma turma. Estão numa sala.
Quer dizer, "aula" é o que pode sair mais facilmente na conversa.

Sansa -
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Desde 18 Jan 2018

carlabrito escreveu:

Sansa escreveu:

carlabrito escreveu:
A título de curiosidade, eu gostaria de saber como é que se deteta uma doença/patologia (desculpe, nao sei como se designa) destas?
Quão má tem que ser a falta de atencao, ou o prejuizio que resulta dela?
É que faltas de atencao todos tempos. Ou de concentraçao.
Atencao que nao estou a desvalorizar no caso da sua esposa.
Mas tenho curiosidade em saber.
É que me é muito dificil dimensionar. Nao consigo imaginar.

Embora seja designado por transtorno ou perturbaçäo, näo é uma coisa nem outra. THDA näo é uma patologia, mas na sociedade actual indivíduos com esta condiçäo estäo em desvantagem.
E apesar das dificuldades em prosperar na nossa sociedade, ter um cérebro com estas características pode ser um super poder. Se oferecermos äs nossas crianças as condiçöes para tirar partido do enorme potencial que o cérebro possui teremos inúmeros Eisteins a caminhar por aí (sim Einstein é um caso típico de THDA).
.
Eu gostava imenso de responder ä questäo quäo graves tëm de ser os sintomas para se detetar THDA mas existe tanto para dizer, para explicar e para exemplificar que o meu cérebro já está frenéticamente a pensar em mil e uma coisas e francamente näo consigo organizar a informaçäo de maneira clara, suscinta e ordenada. Basicamente apetece-me despejar tudo de uma só vez e como näo é possível prefiro näo dizer nada.

"Eu gostava imenso de responder ä questäo quäo graves"
"Quão graves". Vês?
É algo vísivel que uma pessoa leiga como eu, perceba?
Se eu me encontrar contigo e trocarmos umas palavras, eu vou perceber?
Percebes? Nao é algo que se fale muito, por isso para mim é uma coisas quase desconheida.


Sim, percebes. Só não saberias que era THDA. Mas irias notar que quando algo me interessa falo de forma muito entusiástica, elevo a voz, interrompo imenso durante a conversa, falo extremamente rápido e sobre mil uma coisa ao mesmo tempo, por vezes é difícil os outros conseguirem acompanhar o meu raciocínio. Também Irias notar que começo a falar numa coisa e de repente já está me lembro o que queria dizer. Irias notar que tenho algumas particularidades, algumas um bocado irritantes, outras engraçadas, mas não ao ponto de pensares tratar-se de um transtorno. Se trabalhassem comigo irias achar-me extremamente desorganizada, distraída, confusa, aquela pessoa que deixa tudo por todo o lado. Isso reconhecer que o nível de desorganização e esquecimento seriam maiores que qualquer pessoa, mas novamente, nunca irias pensar que seria um distúrbio.
Em casa eu passo o dia a saltar de tarefa para tarefa, sem terminar nenhuma, porque me esqueço do que estava a fazer.
Se tiver muita coisa para fazer, bloqueio e não faço nada.
Tenho uma péssima noção do tempo. Só agora marquei férias porque até à semana passada eu achava que que ainda faltavam 3 meses para Julho.
Tenho 50 tabs abertas no meu browser, e porque tive mesmo de impor um limite. Quando começo a pesquisar sobre algo, rapidamente estou a abrir mais tabs sobre temas relacionados. E sou capaz de passar horas a ler sobre as mais variadas coisas.
O meu cérebro não pára nunca. Tenho mil pensamentos a pairarem na minha mente, mas não os consigo organizar, e rapidamente me esqueço.
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Vou citar algo que li há pouco tempo:
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"The ADHD diagnosis is life changing for adults. To discover you didn't your whole life wrestling this invisible opponent... You had no idea what was sabotaging you, or even that it's been there, undermining you your whole life, 24/7
You just assumed life is this hard for everyone. " Rick Green
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As pessoas com THDA têm de fazer o dobro do esforço para conseguir fazer o mesmo que as outras, o que acaba por ser extremamente cansativo. E com o avançar da idade, e as alterações provocadas pela gravidez e pela maternidade, os sinais começaram a piorar, ao ponto de ter a certeza que algo não está bem.

carlabrito -
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Desde 30 Maio 2017

Pois. Nao fazia ideia de nada disso!!

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