A vida no útero | De Mãe para Mãe

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A vida no útero

Barriga mulher grávida

O útero é o lugar perfeito para o crescimento e desenvolvimento do bebé, pois protege-o do ambiente externo, permitindo que este usufrua de todas as condições para um crescimento ideal. No entanto, o feto nunca se encontra isolado, podendo contatar com o exterior através da sensibilidade ao toque, do primeiro movimento percebido, do sabor, do cheiro, do ouvir e da visão, pois são sentidos desenvolvidos durante a vida intrauterina.

A sensibilidade ao toque

O toque é o primeiro sentido a ser desenvolvido, alguns estudos revelam que a sensibilidade da pele inicia-se às oito semanas e rapidamente se expande para outras áreas, atingindo sensibilidade na área genital às dez semanas e nas palmas das mãos e planta dos pés às 12 semanas. Estas áreas em que a sensibilidade da pele se desenvolve primeiro serão aquelas áreas predominantes em recetores sensoriais quando as crianças atingem a idade adulta. Atingindo as 32 semanas, geralmente, todas as partes do corpo terão a mesma sensibilidade ao toque.

Os primeiros movimentos

O primeiro movimento do bebé, apesar de não ser percebível pela mãe no dia-a-dia, é a primeira batida do coração, que surge normalmente à terceira semana, contando a partir da conceção.

Estes batimentos cardíacos são contínuos, ao longo do desenvolvimento de todo o sistema circulatório, sendo que cada parte que é completamente formada, passa a ser usada pelo organismo de imediato e, consequentemente, este uso ajuda na continuação da formação das restantes partes que constituem o sistema.

A partir das 6 semanas começam os primeiros movimentos, com a cabeça, braços e pernas; já às 10 semanas surgem movimentos como engolir, abrir a boca e levar as mãos à cara. Por volta das 14 semanas, todos os movimentos que normalmente são realizados durante a gestação estão já em prática por parte do bebé.

Estes movimentos podem começar espontaneamente ou podem ser despoletados por acontecimentos externos como, por exemplo, quando a mãe espirra ou ri, o bebé reage com um movimento a estes acontecimentos.

Sabor e cheiro

Às 14 semanas, estão formadas as estruturas e partes do organismo que permitem desenvolver o gosto. Alguns testes mostram que os movimentos de deglutição aumentam com os sabores doces e diminuem com os amargos.

No líquido do espaço do útero, existem alguns sabores presentes, como o dos citrinos, o láctico, proteínas, sais, entre outros.

O nariz desenvolve-se entre as 11 e 15 semanas, sendo que todas as estruturas estão devidamente formadas e, por isso mesmo, era de esperar que o olfato fosse desenvolvido, mas o cheiro depende do ar e da respiração. Por este motivo, alguns estudos revelam incertezas quanto à possibilidade deste sentido ser experimentado dentro do útero.

Contudo, estudos mais recentes afirmam que o líquido amniótico, que está á volta do feto, estabelece uma ligação entre a mãe e o bebé, logo odores e sabores que estão contidos neste líquido são percebidos e experimentados pelo bebé enquanto está no útero.

Audição

O bebé encontra-se protegido por um conjunto de barreiras, começando no útero, células embrionárias, abdómen materno e fluido amniótico. Contudo, existem estudos que afirmam a capacidade do som ser percebido pelo bebé, sendo transmitido através de vibrações.

Portanto, sempre que falar com o bebé através da sua barriga saiba que ele irá escutar, não da mesma forma que um bebé que já esteja fora do útero, mas confirma-se a capacidade de chegada do som ao útero materno.

A voz da mãe é o som mais poderoso que o bebé escutará enquanto estiver na barriga da mãe, pois a sua voz será transmitida até ao útero através do seu próprio corpo, logo a transmissão do som será mais forte do que todos os outros sons que venham do exterior.

Neste contexto, sabe-se que os sons, quer sejam vozes, música ou ruídos, são percebidos pelo feto, provocando-lhe uma alteração no ritmo dos batimentos cardíacos e movimentos, podendo estas alterações perdurarem cerca de uma hora.

Algumas pesquisas realizadas em Belfast permitiram que se chegasse a resultados que explicam a capacidade dos bebés no útero ouvirem e reagirem ao que estão a ouvir. Esta atividade de audição e reação inicia-se às 16 semanas. Estes estudos contrariam outros previamente existentes que se referiam a esta atividade com data de início apenas para dois meses mais tarde que este valor apresentado, o de 16 semanas e que este sentido se desenvolve mesmo ainda antes de a orelha estar completamente formada, o que só acontece às 24 semanas.

Visão

A visão é um sentido do corpo humano em que é difícil de estabelecer uma data para o seu início de atividade ou até se esta existe no interior do útero. O que se sabe é que, apesar dos bebés terem as pálpebras fechadas até às 26 semanas, na sua vida intrauterina estas reagem à maior ou menor intensidade da luz incidida no abdómen da mãe, o que é expresso com alterações do ritmo dos batimentos cardíacos.
Contudo, sabe-se que aquando do nascimento a visão é focada, isto para uma distância desde a cara da mãe até ao bebé quando este está a ser amamentado ao peito. Assim, após o nascimento, o bebé explora dia e noite, incessantemente o ambiente que o rodeia, de forma que, com o passar das semanas, a sua visão começa a ficar focada para maiores distâncias.

Conclui-se, portanto, que os cinco sentidos são desenvolvidos no útero, uns com maior registo de atividade, outros com menor, evidenciando assim a interação do bebé com o mundo externo ao meio uterino, permitindo experienciar sons e experimentar certos odores e sabores quando ainda na barriga da mãe.