As primeiras palavras: como ajudar o bebé a desenvolver a competência da fala? | De Mãe para Mãe

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As primeiras palavras: como ajudar o bebé a desenvolver a competência da fala?

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Rita Costa, Terapeuta da FalaRita Costa, Terapeuta da Fala


Escrevo-vos não só enquanto terapeuta da fala, mas também enquanto mãe de dois, tendo a mais nova 6 meses… E se vos disser que ela já demonstra vários sinais de desenvolvimento linguístico adequado? Não, ainda não diz palavras, mas a verdade é que, antes da fala, há competências que é necessário desenvolver e ela é muito comunicativa: ri, palra, conversa, chora de acordo com as necessidades e aponta para o que quer, não desistindo enquanto não a ajudam a alcançar.

Vamos, então, começar pelo início!


Dos 0 aos 6 meses

Nas primeiras semanas, o nosso bebé tem a sua comunicação muito reduzida, chorando apenas para demonstrar desconforto. Depois, chora de forma diferente consoante as necessidades, seja dor, fome, sono ou chamada de atenção.

Cada vez mais, reage a sons, vira a cabeça na sua direção dos estímulos e são já muitos os sons que produz autonomamente, nomeadamente sução, arrotos, soluços, espirros, suspiros e o palreio.

É nesta fase que surgem os primeiros sorrisos intencionais e nós adoramos vê-los sorrir, muitas vezes em resposta ao nosso sorriso. Os bebés até aos seis meses não falam, mas comunicam connosco e dizem muito sobre o seu bem-estar: surge a tão engraçada protoconversação, em que ainda não falam mas já conversam. Já repararam que, a dada altura, quando nós falamos o bebé tende a permanecer calado e quando nos calamos ele conversa, conversa, conversa…?


Dos 6 aos 12 meses

A partir dos seis meses, os bebés começam uma nova fase, a do balbucio reduplicado. Mais do que produzir sons, começam a produzir cadeias vocais dos mesmos sons repetidos /mamamamama/, /tatatatata/, /bababababa/ e conseguem fazê-lo durante bastante tempo seguido!

Nesta idade, reagem ao nome, reagem quando o adulto nomeia objetos que conhece e utiliza frequentemente, olhando na sua direção ou tentando alcançá-los. Surgem, então, as primeiras palavras - habitualmente “mamã” ou “papá” porque contêm consoantes bilabiais, as mais fáceis a ser aprendidas por serem as mais visíveis.


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Então, o que podemos fazer para estimular o bebé a falar?

Escute e responda às iniciativas do bebé (choro, movimentos corporais, riso, olhar…). Se, por exemplo, o bebé chorar com fome, diga: “Calma bebé, a mamã já vai dar de mamar…”.

o Interprete e imite as expressões faciais do seu bebé ou um apontar, ajude-o a descobrir o prazer de comunicar;

o Dê tempo ao bebé para responder. Este é o ponto de partida para a conversação e pode fazê-lo até quando brinca com imitação facial.

Cante e ria com o bebé. O canto acalma os nossos bebés e o riso é uma manifestação de bem-estar físico e emocional.

Utilize gestos. Por um lado, para melhorar a compreensão e, por outro, porque provavelmente o seu bebé cedo começará a tentar imitar, antes ainda de começar a falar. O gesto pode ajudá-lo a fazer-se entender e mais uma vez reforçar o prazer de comunicar.

Fale muito com o seu bebé de forma calma, utilizando frases simples, mas bem construídas e palavras simples, mas bem produzidas.

o Explique o que ouve; o que faz durante a alimentação, higiene…

o Diga o nome de pessoas familiares e objetos do dia a dia.

o Responda ligeiramente acima do nível de produções do seu bebé, o importante é que acrescente informação, por exemplo, o bebé produz /mamamamama/, a mãe pode dizer: “/mamamama/, sim a mamã está aqui a preparar a papa”.


Nunca se esqueça que nós, adultos, somos o modelo dos nossos bebés e que somos nós a promover a sua aprendizagem por isso, acima de tudo, fale com o seu bebé!

Nunca é demais lembrar também que, se tiver dúvidas, se achar que o seu bebé não produz sons, não mantém o contacto ocular ou não sorri, deve falar com o seu médico de família, com o seu pediatra, e não deixe de consultar um terapeuta da fala, que o encaminhará da melhor forma para que sejam efetuados os despistes necessários e para que, em caso de necessidade, a intervenção seja o mais precoce possível. Afinal, estamos todos aqui para ajudar.

Artigo originalmente publicado na quarta edição da Revista De Mãe para Mãe, em julho de 2020.

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