Um artigo Doutor Finanças
Está a chegar mais um Natal, e, com ele, chega também a euforia dos mais pequenos, que começam já a fazer as suas listas de presentes e a escrever as cartas ao Pai Natal.
Ainda que seja fundamental (e saudável) estimular este lado fantasioso das crianças, é também importante aproveitar esta altura do ano para lhes explicar alguns conceitos, nomeadamente financeiros, ajudando-os a gerir as suas expectativas. Especialmente porque deve garantir que não compromete o seu orçamento familiar por causa das prendas de Natal.
Mesmo que os mais pequenos argumentem que se portaram bem este ano, que tiveram boas notas ou que todos os amigos têm aquele brinquedo, é importante saber dizer que não, quer tenha ou não tenha as condições financeiras reunidas. No entanto, como sabemos que esta pode ser uma tarefa difícil, trouxemos 6 dicas para ajudar.
1. Fale sobre a importância do dinheiro
Se ainda não o fez, esta pode ser uma boa altura, aliás, todas são boas alturas para falar sobre a importância do dinheiro e da poupança. Quanto mais cedo forem passados ensinamentos sobre literacia financeira aos mais pequenos, melhor, pois, para além de estar a prepará-los para serem adultos financeiramente mais conscientes, vai ensinar-lhes a importância de uma boa gestão do dinheiro para conseguirem comprar as coisas que precisam e aquelas que desejam.
Aproveite o contexto natalício para mostrar à criança que, para além de não ser necessário ter todos os brinquedos que quer, ao gastar dinheiro num brinquedo a mais, pode resultar em dinheiro a menos, que é necessário para outras compras fundamentais (roupa, comida, entre outros).
Para que a pequenada consiga perceber melhor estes conceitos, pode envolvê-los na gestão da casa, por exemplo, fazendo com eles a lista das compras e explicando como isso é essencial para não gastar dinheiro a mais e evitar desperdícios.
Aproveite ainda e jogue em família jogos que ensinem a gerir o dinheiro. Para além de estar a ensinar, está a criar memórias únicas nos seus pequenos – e este tipo de jogos é de extrema importância, pois eles precisam de gerir o lado emocional de ter e perder dinheiro, algo que, se sentirem desde tenra idade (mesmo que com jogos) os deixa preparados para gerir esse lado de expetativas do mundo financeiro enquanto adultos.
2. Explique a diferença entre necessidade e desejo
É essencial que as crianças consigam diferenciar o que é fazer uma compra por necessidade ou fazer uma compra por desejo. Simule situações e faça brincadeiras com o seu filho, para lhe ensinar o que deve ou não ser priorizado numa compra.
Explique que, num orçamento, têm prioridade as necessidades, e que se houver sobra no orçamento pode ir para algo que desejam. Dê exemplos práticos: uma necessidade equivale a comida ou produtos de higiene, e um desejo equivale, por exemplo, a um brinquedo.
É importante que explique as consequências de uma má decisão, seja durante os jogos ou numa ida às compras. Imagine que lhe dá a escolher entre um brinquedo ou um bem alimentar e que a criança opta pelo brinquedo, aproveite o momento para explicar as consequências que isso pode ter se tiverem um orçamento à conta, por exemplo, e que a compra do brinquedo pode fazer com que não consigam comprar comida até ao final do mês.
3. Ensine o que é a poupança
Igualmente importante é falar sobre a poupança. Normalmente, o mais difícil de ensinar as crianças a poupar é mesmo conseguir explicar-lhes o porquê de não poderem comprar algo que tanto querem. É essencial que entendam que, muitas vezes, só poupando podem conseguir adquirir o desejado.
Aproveite e ofereça-lhe um mealheiro para que possa colocar em prática estes ensinamentos e incentive-o a, sempre que tiver dinheiro na sua posse, guardar uma ou algumas moedas lá. Pode ainda dizer-lhe que caso receba algum dinheiro no Natal, pode poupá-lo para no futuro poder comprar algo que deseja muito e que não recebeu nesta quadra. É importante reforçar sempre que não pode gastar todo o dinheiro que tem no mealheiro. Esta é uma forma de lhes dar alguma responsabilidade e ajudar no seu desenvolvimento, mesmo que ainda não entendam o seu real valor.
4. Formule a lista de presentes em conjunto
A brincadeira é fundamental e deve ser incorporada e fomentada desde cedo, mas para brincar não são precisos “todos os presentes do mundo”. Aliás, até na brincadeira, o menos é mais, uma vez que quanto menos tiverem, mais vão ter que colocar a sua criatividade a trabalhar.
Comprar a priorizar são as palavras de ordem. Em conjunto, devem verificar a lista dos presentes, comparem e priorizem. Faça uma lista e analisem-na em conjunto (ou analise com a criança uma lista que ela tenha criado previamente), excluindo os brinquedos que, por exemplo, sejam muito parecidos com os que já tem – deve explicar sempre a razão de exclusão dos brinquedos, para que a criança entenda a decisão.
Depois, compare os brinquedos da lista e ajude a criança a priorizar, dizendo o porquê de alguns não fazerem tanta falta quanto outros – naturalmente, é importante que tenha em atenção aqueles que a criança gosta mais.
5. Verifique o que podem doar a outras crianças
Fazer o exercício de verificar os brinquedos (e até mesmo a roupa) que já não utiliza para doar a outras crianças, pode contribuir para o desenvolvimento emocional e pessoal da criança, e também para transmitir-lhe alguns conceitos fundamentais. Entre eles o da solidariedade e do consumismo, mostrando-lhe que não precisa de muitos brinquedos e pode (e deve) partilhar e ajudar outras crianças.
6. Dê abertura ao diálogo
A comunicação é sempre a chave de todas as relações, e, para as crianças, é muito importante perceberem o porquê das coisas. Portanto, quando lhe disser que não pode ter determinada coisa, explique o seu motivo e dê abertura ao diálogo. Permita que os mais novos questionem e esclareçam todas a suas dúvidas, só assim vão conseguir perceber que os pais nãos estão simplesmente a recusar-se fazer as suas vontades e que há um motivo por trás de um “não”.
O diálogo vai também permitir que oiça e perceba o ponto de vista dos mais novos, e que estes sintam que são ouvidos.
Como dica extra... pode complementar as novas aprendizagens do seu filho sobre literacia financeira oferecendo-lhe livros próprios para a idade dele sobre o assunto. São vários os livros de especialistas que ajudam pais e filhos a aprender mais sobre literacia financeira infantil.
